Situação não está boa como em janeiro, diz CEO da Lazard, que prevê 10% em cortes

Ken Jacobs, que comanda uma das maiores empresas em assessoria financeira e gestão de Wall Street, relata dificuldades para baixar salários e diz que ‘é hora de agir’

Ken Jacobs, CEO da Lazard, em entrevista à Bloomberg Television em 2016: executivo destacou pressão de salários (Chris Goodney/Bloomberg)
Por Sonali Basak - Steve Dickson
29 de Abril, 2023 | 10:49 AM
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Bloomberg — A Lazard divulgou uma perda surpreendente no primeiro trimestre e disse que planeja reduzir sua força de trabalho em 10% neste ano, prevendo que a queda nas negociações do setor durará até 2023.

“Sinceramente, as coisas não estão tão boas quanto em dezembro ou janeiro”, disse o CEO Ken Jacobs em entrevista por telefone à Bloomberg News na sexta-feira (28). “É hora de agir. Basicamente é isso”, disse o principal executivo de uma das principais empresas em financial advisory e asset management de Wall Street.

Os fees das atividades de investment banking nos cinco maiores bancos de Wall Street despencaram 49% no ano passado, de acordo com a Bloomberg Intelligence, quando a invasão da Ucrânia pela Rússia agitou os mercados e diminuiu a confiança corporativa.

A pressão agressiva do Federal Reserve para conter a inflação por meio do aumento das taxas de juros também tem prejudicado a atividade dos mercados de capitais.

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Ao mesmo tempo, os salários subiram em Wall Street nos últimos anos, à medida que os banqueiros juniores exigiam salários mais altos e os banqueiros seniores se beneficiavam de um boom da indústria.

Mesmo em meio à atual crise, os salários permanecem rígidos, disse Jacobs, enquanto os custos ligados a viagens, entretenimento e serviços de informação dispararam. O CEO disse acreditar que seus concorrentes também cortarão empregos, já que o ambiente de negócios permanece silencioso.

Muitos dos principais bancos já começaram. O Citigroup (C) eliminou centenas de empregos em toda a empresa, totalizando menos de 1% da força de trabalho.

O JPMorgan Chase (JPM), o maior banco dos Estados Unidos, cortou centenas de funcionários da área de hipotecas, e o Goldman Sachs (GS) embarcou em uma de suas maiores rodadas de reduções de empregos em janeiro, quando planejava eliminar milhares de cargos em toda a empresa.

Na Lazard, com cerca de 3.400 funcionários no final de março, o anúncio indica que cerca de 340 empregos serão fechados. A mudança custou US$ 21 milhões no primeiro trimestre, de acordo com um comunicado divulgado na sexta, e a empresa disse que prevê um adicional de US$ 95 milhões em encargos.

As ações do Lazard (LAZ) caíram 3,13% na Bolsa de Nova York na sexta, estendendo a queda deste ano para cerca de 10%.

A receita de financial advisory da Lazard no primeiro trimestre caiu 29% em relação ao ano anterior, para US$ 274 milhões, e ficou aquém da estimativa de US$ 296 milhões em uma pesquisa com analistas da Bloomberg. A receita com asset management caiu 15% e ficou em US$ 265 milhões.

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O prejuízo ajustado por ação foi de 26 centavos, em comparação com uma estimativa média de 30 centavos de lucro por ação.

Muitos dos custos da empresa são difíceis de cortar, disse Jacobs. “Você não pode baixar os salários facilmente, pois somos tomadores de preços em viagens e entretenimento”, disse ele. “É muito difícil baixar os salários, especialmente em um ambiente em que a inflação está ao seu redor.”

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