Canadá terá rigor na aprovação de eventual venda da mineradora Teck, diz Trudeau

Primeiro-ministro diz que empresa de cobre e metais básicos, essenciais para a transição energética, é muito importante para o país; Teck está no alvo de gigantes estrangeiras

Justin Trudeau
Por Brian Platt - David Westin
28 de Abril, 2023 | 04:03 PM

Bloomberg — A Teck Resources é uma “grande empresa” importante para a economia do Canadá e qualquer oferta de aquisição pela mineradora de cobre e metais básicos terá que passar por um “processo rigoroso” para obter a aprovação do governo, disse o primeiro-ministro Justin Trudeau.

A tensa luta da empresa para evitar a oferta hostil de US$ 23 bilhões da suíça Glencore é “certamente algo que estamos olhando com muito, muito cuidado, porque é importante ter essas grandes empresas no Canadá”, disse Trudeau nesta sexta-feira (28) em entrevista à Bloomberg Television.

Trudeau prometeu que, se o governo for solicitado a aprovar um acordo, será consistente na aplicação das regras de aquisição do Canadá “para que os investidores possam saber no que estão se metendo”.

A Teck tem tentado evitar uma abordagem da Glencore, mas a empresa com sede em Vancouver sofreu um revés nesta semana quando não conseguiu apoio suficiente dos acionistas para seu próprio plano de separar - um spin off - suas divisões de metais e carvão.

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“O mais importante para mim é a empresa se comportar da maneira certa em relação ao meio ambiente, seja uma empresa local ou uma multinacional estrangeira”, disse Trudeau. “Temos expectativas altas e rigorosas, não apenas em questões ambientais mas também em parceria com os povos indígenas.”

A possibilidade de a Teck - a maior produtora diversificada de metais básicos do Canadá - ser adquirida pela Glencore tornou-se uma questão política mais ampla.

O primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, David Eby, pesou contra isso. O governo federal parou antes disso: em uma carta ao conselho comercial de Vancouver nesta semana, a vice-primeira-ministra Chrystia Freeland disse que o Canadá precisa de empresas como a Teck como parte de sua estratégia para avançar em direção a formas mais limpas de energia.

“A mineração de minerais críticos é a chave para o futuro – e apenas empresas que assumem sérios compromissos com ESG e fortes parcerias com povos indígenas terão sucesso”, escreveu Freeland. “Tenha certeza de que o governo federal está acompanhando isso de perto.”

Qualquer aquisição da Teck teria que passar por uma revisão do governo, com a decisão final provavelmente caindo sobre a mesa do ministro da Indústria, François-Philippe Champagne, que assinou a carta de Freeland com o ministro dos Recursos Naturais, Jonathan Wilkinson.

Aquisições de mineração em grande escala têm sido um tema delicado no Canadá desde que uma onda de negócios há mais de 15 anos tirou alguns dos maiores players do setor, incluindo a mineradora de níquel Inco - pela brasileira Vale (VALE3) por US$ 19,4 bilhões - e a produtora de alumínio Alcan pela anglo-australiana Rio Tinto por US$ 38 bilhões.

Em 2010, quando a também anglo-australiana BHP propôs a aquisição da Potash Corp. de Saskatchewan, o governo do então primeiro-ministro Stephen Harper a bloqueou, alegando que não traria “benefício líquido” para o país.

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- Com a colaboração de Randy Thanthong-Knight e Stephen Wicary.

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