Vale eleva aposta em metais básicos após informar queda do lucro no 1º trimestre

Mineradora brasileira trouxe ex-CEO da Anglo American para presidir novo conselho de metais de transição; decisão ocorre após divulgação de redução dos ganhos

A mineradora brasileira está apostando alto no negócio voltado principalmente para veículos elétricos
27 de Abril, 2023 | 02:15 PM

Bloomberg Línea — A Vale (VALE3) vai trazer nomes de peso do mercado para sua recém-criada equipe de “metais de transição”. Além do ex-executivo da Tesla (TSLA), Jerome Guillen, a companhia informou nesta quinta-feira (27) a chegada de Mark Cutifani, ex-Anglo American e AngloGold Ashanti, para a presidência do conselho independente de metais básicos da mineradora.

A aposta faz parte da estratégia de destravar valor no negócio focado principalmente na demanda de veículos elétricos no momento em que a companhia registra queda do lucro, que é dependente do seu principal negócio na área de minério de ferro. As ações da empresa subiam 1,1% às 14h10 (horário de Brasília), após a empresa informar uma retração de 59% dos ganhos no primeiro trimestre.

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A companhia brasileira está avaliando as opções para o negócio de metais básicos após a venda de uma participação minoritária, uma transação que deve ser concluída até meados do meio do ano, informaram executivos nesta quinta-feira (27). A intenção da mineradora é transformar, posteriormente, a divisão em uma unidade de negócio independente.

O CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, destacou que não há uma alternativa definida para o negócio de metais básicos. “Não há opção definida para IPO [oferta inicial pública de ações, na sigla em inglês], queremos criar opcionalidades”, disse em teleconferência com investidores.

Cutifani deve assumir o cargo a partir de julho. “A razão fundamental pela qual trouxemos Mark [Cutifani] é ajudar na execução do plano [para metais básicos]. Ele entra como chairman porque viu a oportunidade de transformar o ativo, que é o melhor ativo de transição do mundo, Mark quer destravar valor com isso”, disse Bartolomeo.

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Ainda em fevereiro, a Vale informou a chegada de Guillen ao conselho recém-criado. O executivo trabalhou por 10 anos na Tesla. Segundo a mineradora, ele conhece bem o negócio de veículos elétricos e deve ajudar a Vale a destravar o “valor imenso” da divisão.

Bartolomeo reforçou que a companhia segue focada em seus principais negócios, o que inclui minério de ferro. “Vamos crescer de forma orgânica e podemos crescer também de forma inorgânica.”

A empresa também salientou a disciplina na alocação de capital. Nesta quarta-feira, a Vale anunciou um acordo para a venda de 40% de sua participação na Mineração Rio do Norte (MRN), de bauxita e alumina, para a gigante global Norsk Hydro, que irá repassar a fatia imediatamente para a trading suíça Glencore.

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“Essa transação marca a conclusão do principal programa de desinvestimento da Vale, que envolveu a venda de mais de 10 ativos non-core [não essenciais] em vários continentes desde 2019″, disse a Vale em comunicado.

A companhia acrescentou que, por meio desse programa, conseguiu simplificar e reduzir a exposição ao risco dos seus negócios, resultando na eliminação de despesas de até US$ 2 bilhões por ano. “Isso reforça a estratégia da Vale de simplificação de portfólio e permite à empresa focar nos seus principais negócios e oportunidades de crescimento, através de uma alocação disciplinada de capital.”

Perspectivas

O vice-presidente executivo de soluções de minério de ferro da Vale, Marcello Spinelli, disse que a retomada do mercado na China demonstra números sólidos. “O PIB [chinês] é bastante resiliente, com investimentos em infraestrutura”, afirmou na teleconferência.

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A queda dos preços e dos volumes de vendas do minério de ferro foi responsável pela retração significativa de 59% do lucro líquido da companhia no primeiro trimestre na comparação anual. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado proforma de operações continuadas caiu 42% na mesma base.

Os analistas Thiago Lofiego, Isabella Vasconcelos e Camilla Barder afirmaram em relatório do Bradesco BBI que, apesar do resultado fraco, a visão do banco é que os fundamentos do mercado de minério de ferro devem melhorar nos próximos meses, sustentado pelo aumento da demanda na China e baixos estoques do insumo.

“A Vale deve se beneficiar diretamente deste ambiente positivo, com forte geração de fluxo de caixa e perspectivas de remuneração dos acionistas”, disseram.

Já os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual, reforçaram em relatório que a administração da Vale “continua altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital”.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.