Recuperação de publicidade online da Meta impulsiona ações e foco em IA

A dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, que nos últimos meses cortou custos de forma agressiva, divulgou uma receita trimestral e um crescimento de usuários superior às estimativas

A Meta continuou a adicionar usuários no trimestre de março para o Facebook, Instagram e WhatsApp. Ao todo, mais de 3 bilhões de pessoas usaram pelo menos um de seus produtos diariamente - um novo marco.
Por Alex Barinka - Aisha Counts
27 de Abril, 2023 | 06:06 AM

Bloomberg — A surpreendente recuperação das vendas de publicidade digital da Meta Platforms Inc. (META) está dando à empresa tempo para continuar investindo em negócios mais especulativos, como inteligência artificial (IA) e realidade virtual.

A proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp, que passou os últimos meses cortando custos de forma agressiva, divulgou uma receita trimestral e um crescimento de usuários que superou as estimativas dos analistas. Enquanto as ações da Meta subiam, o CEO Mark Zuckerberg disse que a inteligência artificial generativa iria impactar cada um de seus aplicativos e serviços e que a Meta estava bem posicionada na atual corrida de IA do setor.

“Uma posição financeira mais sólida nos permitirá resistir a um ambiente volátil e, ao mesmo tempo, manter o foco em nossas prioridades de longo prazo”, disse ele aos investidores em uma teleconferência na quarta-feira. “Há uma oportunidade de apresentar recursos de IA a bilhões de pessoas de maneiras que serão úteis e significativas”, melhorando os bate-papos de atendimento ao cliente com empresas, o processo de criação de anúncios e a experiência de jogos em realidade virtual, disse o executivo.

Zuckerberg explicou como a tecnologia de inteligência artificial já ajudou a empresa a escolher os vídeos curtos adequados, os Reels, para seus usuários. Ele disse que a Meta está ganhando mais dinheiro com os Reels, e o tempo gasto no Instagram aumentou 24%.

PUBLICIDADE

A Meta está trabalhando para avançar mais rapidamente e, ao mesmo tempo, cortar custos no que Zuckerberg chamou de “ano da eficiência”. A desaceleração da demanda por publicidade no último ano forçou o gigante da mídia social a cortar o número de funcionários e reduzir os gastos, além de provocar um exame minucioso dos bilhões que Zuckerberg vem investindo em tecnologia de realidade virtual. A empresa sinalizou que, ao reduzir os custos, ainda está disposta a contratar em algumas áreas importantes, como a IA generativa.

As ações da Meta subiram 74% este ano, até o fechamento de ontem, recuperando-se de seu pior ano já registrado, com uma queda de 64% em 2022. Esta manhã, as ações avançavam mais de 11% nas operações prévias à abertura das bolsas (5h57 de Brasília), em torno dos US$233. Ontem, no aftermarket, chegaram a marcar US$236.20.

Os resultados superaram as estimativas dos analistas, fazendo com que as ações disparassem

As vendas do primeiro trimestre aumentaram para US$ 28,6 bilhões - um retorno à senda de crescimento após três trimestres consecutivos de quedas. Esse valor superou também a projeção média dos analistas de US$ 27,7 bilhões.

A empresa disse que a receita no trimestre atual será de até US$ 32 bilhões, em comparação com a estimativa média de US$ 29,5 bilhões.

A Meta continuou a adicionar usuários no trimestre de março para o Facebook, Instagram e WhatsApp. Ao todo, mais de 3 bilhões de pessoas usaram pelo menos um de seus produtos diariamente - um novo marco.

Ainda assim, houve alguns contratempos, inclusive na divisão da Meta voltada para a criação de tecnologia de realidade virtual para o metaverso. A unidade, chamada Reality Labs, teve um prejuízo operacional de US$ 3,99 bilhões no trimestre e obteve uma receita de US$ 339 milhões - uma queda de 51% em relação ao ano anterior e menos do que os analistas projetavam.

O metaverso se tornará um “espetáculo à parte” este ano, já que a empresa “provavelmente dobrará o foco na IA generativa e em modelos de linguagem de grande porte”, disse Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence. “Não reduzir os investimentos da Reality Labs pode ser um ponto de atrito com os investidores.”

PUBLICIDADE

Zuckerberg abordou as preocupações de que a empresa tenha desviado seu foco do desenvolvimento do metaverso, pouco tempo depois de mudar seu nome corporativo, em favor do trabalho em IA. “Desenvolveu-se uma narrativa de que, de alguma forma, estamos deixando de nos concentrar na visão do metaverso, portanto, quero dizer desde já que isso não é verdade”, disse ele. “Estamos nos concentrando na IA e no metaverso há anos. E continuaremos a nos concentrar em ambos. As duas áreas também estão relacionadas.”

Zuckerberg passou seis minutos em sua declaração de abertura para a chamada discutindo o trabalho da empresa em IA e 90 segundos no metaverso. Ambos os esforços são caros. A IA envolve o desenvolvimento dos data centers da Meta, onde máquinas poderosas processam e armazenam informações para suas redes e produtos. Mas a Meta indicou que não precisará gastar muito mais com isso.

“Não estamos mais atrasados na construção de nossa IA”, disse Zuckerberg. “Pelo contrário, agora temos a capacidade de fazer um trabalho de liderança nesse espaço em escala.” As despesas de capital no primeiro trimestre subiram para US$ 7,09 bilhões, em comparação com US$ 5,55 bilhões no mesmo período do ano passado. A Meta informou um lucro líquido de US$ 5,7 bilhões, ou US$ 2,20 por ação, mais do que a estimativa média de US$ 2,01 por ação.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

Meta está pronta para nova rodada de demissões: Facebook, WhatsApp e Instagram