Microsoft e Google passam mensagens divergentes sobre grau de ruptura com a IA

Em suas respectivas conferências de resultados, os gigantes da tecnologia ofereceram avaliações muito diferentes sobre a disrupção que aguarda o mercado

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Por Julia Love - Dina Bass - Davey Alba
26 de Abril, 2023 | 06:47 AM

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Bloomberg — Google, da Alphabet Inc. (GOOGL), e Microsoft Corp. (MSFT), cujos lucros trimestrais foram impulsionados por seus negócios de pesquisa e computação em nuvem, usaram sua reunião com investidores para enfatizar o que vem a seguir: a inteligência artificial.

Em suas respectivas conferências de resultados na terça-feira, os gigantes da tecnologia, que estão se tornando rivais na competição pelo futuro das ferramentas de busca, ofereceram avaliações muito diferentes sobre o grau de ruptura que aguarda o mercado.

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Os executivos do Google incentivaram os investidores a confiarem na longa história da empresa como o principal mecanismo de busca do mundo, e enquadraram a IA como apenas mais uma mudança em seu negócio em evolução. A Microsoft sugeriu que algo muito mais dramático está por vir.

Os investidores pareceram gostar mais da tese da Microsoft, fazendo com que suas ações subissem até 9,7% em negociações posteriores ao fechamento das bolsas, enquanto a Alphabet subiu menos de 2%. Esta manhã, na pré-abertura do mercado, os papéis da Alphabet ganhavam 0,97%, enquanto os da Microsoft saltavam 7,8% (às 6h13, hora de Brasília).

Até recentemente, o Google era considerado praticamente imbatível no mercado de buscas online, que ele domina em todo o mundo. Isso mudou com o lançamento do popular chatbot da OpenAI, o ChatGPT. A Microsoft começou a integrar a tecnologia da OpenAI em seu mecanismo de busca Bing, e a parceria aumentou a pressão sobre o Google para reinventar seu principal negócio de busca e permitir mais trocas de conversas que a IA generativa possibilita.

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Falando aos analistas, o CEO da Alphabet, Sundar Pichai, enfatizou que o Google está investindo pesadamente em IA, embora tenha minimizado o que a tecnologia significaria para o negócio de publicidade nos resultados de busca, que continua sendo a força vital da empresa. Ele expressou otimismo de que os usuários continuarão a valorizar a publicidade online, mesmo que suas pesquisas produzam um resumo composto por um grande modelo de linguagem, em vez da lista familiar de links que o Google tem fornecido há muito tempo.

“Ao longo dos anos, passamos por muitas e muitas mudanças na pesquisa”, disse Pichai. “E, à medida que evoluímos a pesquisa, acho que sempre tivemos uma abordagem sólida e fundamentada em termos de como também evoluímos os anúncios.”

No entanto, o CEO da Microsoft, Satya Nadella, sugeriu que sua empresa é uma rival formidável. Ele afirmou que as instalações de aplicativos quadruplicaram desde o lançamento do Bing em fevereiro. Ele acrescentou que o Bing ganhou participação no mercado norte-americano no trimestre, sem oferecer métricas específicas.

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“Estamos ansiosos para continuar essa jornada no que equivale a uma mudança de geração na maior categoria de software: a busca”, disse Nadella na chamada de resultados da empresa.

Bilhões de dólares em receita podem estar em jogo, mesmo com mudanças relativamente pequenas na participação de mercado. Mas, pelo menos no último trimestre, o negócio de pesquisa do Google parece estar resistindo às crescentes ameaças dos concorrentes e a um declínio geral no mercado de publicidade digital. A receita da empresa com pesquisa e negócios relacionados chegou a quase US$ 40,4 bilhões no período encerrado em 31 de março, superando as estimativas dos analistas.

À medida que o Google trouxer a IA generativa para a pesquisa, Pichai disse que a empresa se baseará em seu conhecimento institucional. “Seremos guiados por dados e anos de experiência sobre o que as pessoas querem e nossos altos padrões de qualidade”, disse Pichai. “E vamos testar e iterar à medida que avançamos, porque sabemos que bilhões de pessoas confiam no Google para obter as informações certas.”

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Ainda assim, a empresa tem todos os motivos para se preocupar, disse Max Willens, analista da Insider Intelligence. “O negócio principal do Google enfrenta os desafios mais sérios que já encontrou em algum tempo”, escreveu Willens em uma nota.

As parcerias do Google com os fabricantes de telefones Android representam outra oportunidade para a Microsoft ganhar terreno. No entanto, Pichai também sugeriu que o longo histórico do Google levará a melhor. “Quando trabalhamos com nossos parceiros, nos esforçamos para criar uma experiência vantajosa para todos. E, por fim, os parceiros acabam nos escolhendo porque é isso que seus usuários querem.”

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