First Republic estuda vender até US$ 100 bi em ativos como plano de autorresgate

Compradores em potencial, incluindo grandes bancos dos EUA, poderiam exigir garantias ou ações preferenciais como incentivo

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Bloomberg — Para tentar se salvar da turbulência e da crise de confiança em que está envolvido, o First Republic Bank considera vender entre US$ 50 bilhões e US$ 100 bilhões em títulos e hipotecas de longo prazo, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto.

Qualquer venda ajudaria a reduzir o descompasso entre ativos e passivos do banco, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas porque as informações são confidenciais. Os possíveis compradores, incluindo os principais bancos dos EUA, poderiam receber garantias ou ações preferenciais como incentivo para comprar ativos acima de seu valor de mercado, disse uma das pessoas.

Com esse plano de resgate mais amplo, o banco está tentando reforçar seu balanço patrimonial para evitar ser confiscado pelo Federal Deposit Insurance Corp e abrir caminho para um possível aumento de capital. Talvez seja necessário que o governo dos EUA facilite as negociações com alguns dos maiores bancos do país enquanto o credor executa sua recuperação, acrescentou uma das fontes. Essa seria uma alternativa muito mais barata do que uma falência da empresa.

O First Republic Bank recorreu ao The Messina Group, uma empresa de consultoria criada pelo ex-vice-chefe de gabinete do presidente Barack Obama, para obter orientação sobre suas negociações com o governo Biden, que busca negociar um resgate da turbulência entre os credores regionais.

Um porta-voz da empresa sediada em São Francisco não quis comentar. O First Republic tinha ativos totais de US$233 bilhões em 31 de março, incluindo US$173 bilhões em empréstimos e US$35 bilhões em títulos de investimento, de acordo com seu relatório financeiro do primeiro trimestre.

O problema é que os empréstimos concedidos quando as taxas estavam baixas valem menos agora, o que significa que o First Republic teria de registrar uma perda quando os vendesse, a menos que atraísse compradores para adquiri-los por um valor próximo ao de face. Para isso, os compradores poderiam exigir algum tipo de incentivo, como uma garantia.

Um dia depois que o First Republic divulgou lucros bem abaixo das estimativas dos analistas, os investidores estão se dando conta da magnitude dos desafios que o banco enfrenta. Um componente-chave de seu sucesso anterior - o negócio de gestão de patrimônio para clientes ultra-ricos - pode ter suas asas cortadas. E agora a instituição também enfrenta a perspectiva de ter que se desfazer de uma grande parte de seus ativos.

Ontem, o First Republic relatou uma queda maior do que a esperada nos depósitos do primeiro trimestre. O número caiu para US$ 104,5 bilhões, bem abaixo da média de US$ 137 bilhões das estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg. O total incluiu uma injeção de US$ 30 bilhões de 11 dos maiores bancos dos EUA. As ações caíram 50% na terça-feira, para US$ 8,12.

O banco confirmou na segunda-feira que está explorando opções estratégicas. “Estamos trabalhando para reestruturar nosso balanço patrimonial”, disse o diretor financeiro Neal Holland em um comunicado.

Além da venda de ativos, o banco também planeja se concentrar em empréstimos que possam ser vendidos no mercado secundário. É um distanciamento acentuado de sua estratégia anterior de fornecer hipotecas de grande valor somente com juros, um serviço que atraiu legiões de mutuários ricos e ajudou a transformar a empresa em um gigante da gestão de patrimônio.

Esse negócio agora está sob pressão depois que dezenas de consultores foram para grandes rivais, como Morgan Stanley, UBS Group AG e Royal Bank of Canada. Isso também deixou os analistas preocupados com o futuro de um negócio que já foi premiado e que atraía clientes de regiões ricas de todos os Estados Unidos.

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