Fintech Clara, que atende empresas, tem novo aporte de US$ 60 milhões

Em cenário adverso para captações, startup mexicana com operação no Brasil conseguiu angariar investidores como Hans Tung da GGV

Hans Tung, managing partner da GGV Capital e novo sócio da Clara após investimentos
26 de Abril, 2023 | 03:51 PM

Bloomberg Línea — A fintech mexicana Clara, que tem operações no Brasil, conseguiu uma nova rodada de financiamento de US$ 60 milhões liderada pelo GGV Capital. Hans Tung, sócio-diretor do fundo de venture capital do Vale do Silício, juntou-se ao conselho de administração da startup.

A Clara não divulgou os termos do acordo nem seu novo valuation.

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A Clara opera uma plataforma de gestão de despesas para empresas na América Latina e oferece cartões corporativos, contas de pagamento sem taxas e soluções de empréstimos. A Clara diz ter 10 mil empresas clientes no Brasil, no México e na Colômbia.

Em 2021, a Clara foi avaliada em US$ 1 bilhão quando recebeu US$ 70 milhões em uma Série B com a Coatue, tornando-se um unicórnio.

Desde então, os investimentos em venture capital na América Latina despencaram com o aumento das taxas de juros e a fintech não divulgou mais números de valuation.

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Em uma situação adversa de mercado, investidores selecionam as empresas que consideram que valem a pena seguir apostando, enquanto, por outro lado, há startups em melhores condições que adiam a captação via equity para evitar uma redução do valuation ou eventual diluição da participação.

Na rodada anunciada pela Clara, novos investidores entraram, como Acrew Capital, Citius, Citi Ventures, Endeavor Catalyst, Ethos, Commerce Ventures, Goanna Capital, Bayhouse Capital, Fluent Ventures e LAGO Innovation Fund.

Atuais investidores como Monashees, Coatue, Picus Capital, DST Global Partners, Alter Global, General Catalyst e investidores anjos também participaram. Em resposta à Bloomberg Línea, a Clara disse que a nova rodada demonstra a confiança dos investidores no negócio.

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“O apoio dos investidores da GGV significa que poderemos acessar recursos adicionais para fortalecer nossa capacidade operacional, não apenas em termos de cobertura geográfica, mas, acima de tudo, para continuar investindo em inovação, na melhoria dos nossos produtos, e na atração de talentos”, disse a empresa, por meio de nota. “Queremos consolidar nosso produto como líder na América Latina e explorar cada vez mais as aplicações da tecnologia de IA e aprendizado de máquina, para facilitar a concessão de linhas de crédito com base em modelos de risco cada vez mais sofisticados”.

A Clara, cujo modelo remete ao da Brex nos Estados Unidos, tem startups como parte de seus clientes. Entre eles a Kavak, unicórnio mexicano de compra e venda de veículos seminovos por uma plataforma online que é a startup mais valiosa da América Latina, com valuation de US$ 8,7 bilhões.

O novo dinheiro será investido em tecnologia, consolidação da empresa no mercado latino-americano e contratações de executivos para áreas de engenharia, produto e risco, conforme comunicado. A Clara já trouxe ex-executivos da Meta, Nubank e American Express.

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Raquel Hernández, ex- Gerente de Engenharia da Meta, será VP de Engenharia da Clara, e Eduardo Moore, com passagens pela Bitso e pelo Nubank, será Diretor de Produto da Clara Brasil.

Alberto Ramos e Nicolas Caccaviello foram nomeados Diretor de Operações e Receita e Diretor de Fraude e Aceitação, respectivamente. Tina Reich, ex-Chefe de Crédito da American Express, se juntou como Observadora do Conselho e Consultora de Risco.

Histórico da fintech

No mês passado a Clara anunciou que recebeu uma linha de crédito de até US$ 90 milhões da Accial Capital para expandir as operações na Colômbia.

Em novembro de 2022, a empresa levantou uma quantia não divulgada de financiamento de risco da Soma Capital com participação da Bossanova Investimentos, segundo o PitchBook, cinco meses depois de cortar 10% de seus funcionários para reduzir custos.

A Clara divulga ter recebido US$ 160 milhões em financiamento de capital até hoje.

Em agosto do ano passado, o Goldman Sachs (GS) concedeu um empréstimo de US$ 150 milhões para a fintech fundada por Gerry Giacoman.

O algoritmo do PitchBook que prevê possibilidades de saída entende que a Clara tem 86% de chance de ser adquirida, contra 7% de ter um IPO (oferta pública inicial).

-- Atualizada às 15h16 do dia 27/04 com nota da Clara

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups