Ex-VP do Goldman investe em fintech de crédito no Brasil e se torna sócio e CFO

A EmpreX, fundada pelo suíço Silvan Roth, recebeu US$ 2,1 milhões em um aporte liderado por Jason Nassof, ex-VP de Special Situations do banco americano

Mercado brasileiro continua a atrair investidores estrangeiros de olho em oportunidades de negócios (Victor Moriyama/Bloomberg)
26 de Abril, 2023 | 11:01 AM
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Bloomberg Línea — Jason Nassof, ex-vice-presidente de Special Situations do Goldman Sachs (GS), que gerenciava o capital próprio do banco, deixará Las Vegas e se mudará para o Brasil para assumir o cargo de diretor financeiro e sócio da EmpreX, fintech fundada pelo suíço Silvan Roth em 2021.

Nassof liderou uma rodada Seed de US$ 2,1 milhões e uma linha de crédito para empréstimos de um grupo internacional de investidores na fintech.

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No Goldman por 10 anos, Nassof coordenou transações de US$ 300 milhões em empréstimos para empresas da América Latina como Nubank (NU) e Credijusto, do México.

A EmpreX recebe o novo aporte em um momento em que o apetite por investimentos em startups caiu com investidores com aversão ao risco.

A startup oferece empréstimos pessoais para a classe média e classe média alta e faz parte do time de mentoria do Latitud. A EmpreX começou em 2021 com o capital dos fundadores, investindo mais de US$ 500 mil para construir um protótipo de sua plataforma de inteligência artificial para crédito. Agora, os recursos serão usados em tecnologia, contratação de pessoas e financiamento parcial do livro de empréstimos.

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Roth é suíço, mas mora no Brasil, e tem uma equipe internacional com planos para o mercado de crédito para o consumidor de maior renda no país.

Histórico

Na Suíça, ele coordenava um fundo de crédito. Com um histórico em gestão de ativos, também passou pelo Goldman Sachs em Londres, coordenando a venda de ativos para fundos de pensão suíços e seguradoras.

Roth disse à Bloomberg Línea que percebeu que a remuneração do crédito ficou mais baixa quando os bancos centrais adicionaram liquidez ao mercado durante a pandemia.

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“Isso me levou, quando eu estava administrando esse fundo, a procurar alternativas do ponto de vista do investidor para alocar capital no espaço empresarial. Na Suíça, começamos a investir em empréstimos originados por fintech”, disse. Nesse período, o Banco Central do Brasil abriu o mercado financeiro para concorrentes, com o objetivo de baixar as taxas de juros.

“Enxerguei uma oportunidade de voltar ao Brasil e me reconectar com o país”, disse Roth, que viveu em São Paulo em 2012 quando trabalhava para o banco suíço UBS.

Startups de crédito representam a maior parte das fintechs no Brasil, segundo um relatório da plataforma de inovação Distrito: 17,8% das fintechs do país atuam no setor de crédito.

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“O número de concorrentes no mercado tem aumentado nos últimos anos, mas a classe média não tem visto ofertas competitivas. Vemos uma grande lacuna entre os empréstimos para a classe A e os outros de alto risco da classe B que recebem ofertas. Queremos preencher essa lacuna”, disse Roth.

Para ele, o ambiente difícil de crédito comprova o valor de modelos de crédito. “Quando a economia está em alta e os calotes estão em baixa, é muito mais fácil conceder crédito, mas, quando a situação se aproxima da recessão, é quando se torna mais difícil”.

Parte dos fundos levantados pela EmpreX será utilizada para a originação dos empréstimos. A fintech também tem uma securitizadora no Brasil.

Com um escritório no brasil, Roth afirma que usando os dados bancários do Open Banking, a fintech já tem mais de 20 milhões de transações bancárias para treinar seu modelo de crédito com novos tipos de dados e características.

“É aqui que achamos que a mudança de jogo está. Porque o crédito no Brasil sempre foi atraente, as taxas de juros são caras e agora, com as últimas mudanças regulatórias, isso nos fornecerá ferramentas para preencher a lacuna. No final do dia, ser competitivo em custo e oferecer um processo fácil de usar é essencial”.

Acessando esses dados compartilhados e usando algoritmos proprietários, a EmpreX promete ter uma plataforma com avaliação de risco melhor com ofertas de empréstimo pessoais mais personalizadas e acessíveis.

Em 2021, a tese inicial da EmpreX era de refinanciamento, ou seja, que pessoas que têm empréstimos com bancos incumbentes, mesmo que tenham um bom perfil, pagam taxas de juros altas nesses empréstimos. Roth esperava que por meio do Open Banking, a fintech poderia ajudar esses tomadores de crédito a sair desses empréstimos caros.

“A transação é menos arriscada se emitirmos um empréstimo para alguém pela primeira vez. Se pudermos ajudar essa pessoa a refinanciar a uma taxa mais barata, ela economizaria. Nós poderemos oferecer taxas mais atraentes. Com os bancos aumentando as taxas e apertando a política de crédito, há oportunidades para nós entrarmos no segmento de mutuários, porque a política mais rígida dos bancos torna nossas ofertas melhores”.

Com as regras de Open Finance que permitem o compartilhamento de informações estabelecidas pelo Banco Central, a EmpreX disse que já tem 70 mil usuários registrados e que já originou mil empréstimos. A startup pretende atingir 20 mil empréstimos até o fim do ano.

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups