Bloomberg — A sensação anormal de calma sinalizada pelo medidor de volatilidade favorito de Wall Street pode significar problemas para os investidores que veem uma maior tranquilidade do mercado como um sinal claro para comprar ações, de acordo com Marko Kolanovic, do JPMorgan (JPM).
O principal estrategista de ações do banco disse na segunda-feira (24) em nota aos clientes que a queda no Índice de Volatilidade Cboe, ou VIX, é de natureza técnica, e não um reflexo preciso dos riscos enfrentados pelo mercado de ações.
O VIX ficou perto de 17 na segunda, depois de cair para 16 na semana passada, um nível não visto desde o final de 2021.
Kolanovic atribuiu a queda a um mercado atualmente dominado por vendedores de opções, forçando a reversão intradiária e deixando os preços de mercado praticamente inalterados na maioria dos dias.
“Isso é extraordinariamente baixo devido ao aumento das taxas de juros, aperto das condições financeiras, nível de riscos macro e tensões geopolíticas elevadas”, disse ele.
“Essa dinâmica de mercado suprime artificialmente as percepções de risco fundamental macro.”
Um dos maiores otimistas de Wall Street durante grande parte da liquidação do mercado no ano passado, Kolanovic mudou de opinião desde então, cortando a alocação de ações na carteira do JPMorgan em meados de dezembro, janeiro e março devido a preocupações com as perspectivas econômicas.
Alguns investidores questionaram a confiabilidade do medidor VIX, que mal se moveu no mês passado, mesmo quando a turbulência no setor bancário causou estragos nas ações dos Estados Unidos.
Os analistas atribuíram isso a um salto em algumas opções chamadas de “ODTE”.
Kolanovic ecoou dúvidas sobre o VIX como um indicador confiável para investidores em ações, chamando-o de “deslocado” em relação a outros mercados de opções, taxas de curto prazo e cenário macroeconômico.
“Isso é uma anomalia, e é improvável que os atuais níveis baixos do VIX se mantenham por muito tempo”, disse ele.
O estrategista aconselhou os investidores a usarem qualquer força do mercado estimulada pelos próximos balanços trimestrais como uma oportunidade para reduzir a exposição das ações ao patrimônio.
Em outro relatório, o estrategista do Goldman Sachs (GS), Christian Mueller-Glissmann, disse que a baixa volatilidade do S&P 500 se deve a uma política monetária menos restritiva, dados de crescimento melhores do que o esperado, bem como resultados corporativos robustos.
A forte rotação em direção a ações de tecnologia e crescimento antes da temporada de resultados também alimentou uma queda significativa nas correlações, com a amplitude do S&P 500 estreitando materialmente, de acordo com o Goldman.
“Alguns desses ventos favoráveis para menor volatilidade das ações podem desaparecer em maio”, escreveu Mueller-Glissmann em nota na segunda-feira, citando a provável intensificação das preocupações sobre o teto da dívida dos EUA, a próxima reunião do Fomc e os dados da inflação.
Maio e junho tendem a ser meses sazonalmente mais fracos para as ações, acrescentou.
-- Com a colaboração de Jessica Menton
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