LVMH é a primeira empresa da Europa com valor de mercado superior a US$ 500 bi

Conquista ocorre menos de duas semanas depois que ela se juntou ao ranking das 10 maiores do mundo, impulsionada pelo aumento nas vendas

Loja da Louis Vuitton em Paris, na França, no prédio que é sede da LVMH
Por Julien Ponthus
24 de Abril, 2023 | 08:24 AM

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Bloomberg — O valor de mercado da LVMH, dona de marcas como Louis Vuitton, Christian Dior Couture e Fendi, ultrapassou US$ 500 bilhões, tornando-se a primeira empresa europeia a atingir esse marco, graças ao aumento das vendas de artigos de luxo na China e ao fortalecimento do euro.

A conquista ocorre menos de duas semanas depois que a LVMH se juntou ao ranking das 10 maiores empresas do mundo, impulsionada por um aumento nas vendas do primeiro trimestre.

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Posteriormente, a rival Hermes International publicou seus próprios números fortes, reforçando a visão de que a reabertura da China após os bloqueios impostos pela pandemia está alimentando o crescimento em todo o setor.

O valor crescente da empresa aumentou a riqueza da pessoa mais rica do mundo, Bernard Arnault, que transformou a LVMH em uma potência global por meio de uma série de aquisições. Sua fortuna é de quase US$ 212 bilhões, de acordo com o índice de bilionários da Bloomberg.

As ações da LVMH, com sede em Paris, tinham leve alta nesta manhã, negociadas a 903,70 euros por volta das 10h40 desta segunda-feira (24) na França (ou 5h40 no horário de Brasília), avaliando a empresa em 454 bilhões de euros (US$ 500 bilhões).

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A LVMH e suas rivais de luxo francesas são para o mercado de ações europeu o que as big techs têm sido para os Estados Unidos: empresas dominantes cujo crescimento se mantém mesmo quando a economia aumenta e diminui.

Isso fica evidente nos rankings de valor de mercado global, com uma série de empresas de tecnologia dominando a lista, onde a LVMH se tornou a mais recente participante ocupando o 10º lugar.

“As ações de luxo incorporam o que o mercado acionário tem de melhor no momento: exposição ao consumo chinês, que segue surpreendendo em alta, e margens robustas graças ao seu poder de precificação”, disse Lilia Peytavin, estrategista de portfólio europeu do Goldman Sachs (GS) em Paris. “Isso diferencia o luxo da tecnologia, cujas margens já vêm se contraindo há vários trimestres.”

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O caminho da LVMH aos US$ 500 bilhões

A demanda por produtos da LVMH se manteve – bolsas Louis Vuitton, champagne Moet & Chandon e vestidos Christian Dior entre eles – mesmo com o aumento da inflação e das taxas de juros ameaçando levar o mundo à recessão.

A LVMH alertou este mês que está vendo uma desaceleração no crescimento dos EUA, com a demanda por conhaque e artigos de couro particularmente afetados, e alguns investidores temem que as ações inevitavelmente sejam prejudicadas caso a desaceleração econômica piore.

Por enquanto, paradoxalmente, a preocupação com uma recessão está elevando o valor da LVMH em dólares. O euro neste mês saltou para seu nível mais alto em mais de um ano, com a queda do dólar, alimentada pelas crescentes expectativas do mercado de que uma piora na economia dos EUA levará o Federal Reserve a cortar as taxas de juros este ano.

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Os analistas têm aumentado suas metas para as ações da LVMH em meio à alta acentuada. Eles veem espaço para mais ganhos, já que 30 dos 36 analistas monitorados pela Bloomberg têm uma classificação de compra para os papéis da companhia.

Ashley Wallace, do Bank of America (BAC), vê a ação chegando a 1.000 euros no próximo ano. “A LVMH é muito barata devido à atratividade do setor de bens de luxo, seu forte portfólio de marcas e a melhor execução da categoria”, escreveu ela em um relatório em 13 de abril.

Trabalho de longo prazo

Mas o marco de US$ 500 bilhões não aconteceu da noite para o dia; ele levou décadas para ser alcançado.

Arnault, presidente e diretor executivo da LVMH, entrou no luxo em 1984, assumindo o Boussac Saint-Freres, o grupo têxtil falido que possuía uma joia: Christian Dior.

Ele desmembrou a maioria dos outros negócios da empresa e usou o lucro inesperado para comprar uma participação majoritária na LVMH, cujas duas principais empresas, Louis Vuitton e Moet Hennessy, se fundiram em 1987.

Nas três décadas seguintes – e por meio de dezenas de aquisições – ele transformou a LVMH em uma gigante do luxo, vendendo de tudo, de bebidas a artigos de couro e joias em mais de 5.600 lojas em todo o mundo.

Ele percebeu rapidamente que a China se tornaria um mercado importante, abrindo a primeira loja da Louis Vuitton em Pequim em 1992.

Arnault, 74, e sua família detêm 48% do capital social da LVMH, e ele está preparando o terreno para manter a empresa sob controle familiar nas próximas décadas.

O amplo conglomerado, com suas 75 marcas que vão de Dom Perignon a Givenchy e Tiffany, tornou-se um campo de treinamento para designers ambiciosos que buscam fazer nome: Marc Jacobs e o falecido Virgil Abloh na Louis Vuitton, Raf Simons na Christian Dior e Phoebe Philo em Celine. Todos infundiram as marcas com novidades que as mantiveram relevantes para os consumidores jovens.

Em fevereiro, a Louis Vuitton nomeou o músico e empresário de vestuário Pharrell Williams como designer de moda masculina da marca, ocupando o cargo anteriormente ocupado por Abloh, que morreu em 2021. Williams apresentará sua primeira coleção em junho, durante a Paris Fashion Week.

Ressentimento francês

O forte desempenho da LVMH impulsionou a fortuna de Arnault, tornando-o a pessoa mais rica do mundo, à frente de Elon Musk e Jeff Bezos.

Mas também gerou ressentimento em seu país de origem. Em 13 de abril, os manifestantes invadiram brevemente a sede da LVMH na luxuosa Avenue Montaigne.

Os membros do sindicato expressaram sua raiva contra os planos do presidente Emmanuel Macron de aumentar a idade mínima de aposentadoria, pedindo que qualquer déficit no sistema previdenciário seja compensado pelo aumento de impostos sobre empresas como a gigante do luxo.

Não há sinal de que Arnault pretenda renunciar tão cedo. A LVMH suspendeu no ano passado o limite de idade de seu CEO, o que permitiria que ele permanecesse no comando até os 80 anos. O titã começou a preparar o terreno para sua sucessão, porém, por meio de uma nova holding.

-- Com a colaboração de Jan-Patrick Barnert e Michael Msika.

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