Quem são os bilionários franceses que comandam os impérios globais de luxo

Patrimônio de famílias que controlam grupos como LVMH, L’Oréal, Hermés e Kering aumentou quase US$ 100 bilhões neste ano com vendas à prova de recessões

Francois Pinault em frente à entrada do Chateau Latour, uma das vinícolas mais tradicionais do mundo, em Pauillac, na França: patrimônio de US$ 44 bilhões e marcas como Gucci, Balenciaga e a casa de leilões Christie's (Luc Castel/Getty Images Europe)
Por Tara Patel
21 de Abril, 2023 | 03:04 PM

Bloomberg — Uma explosão global de compras em bens de luxo e produtos de beleza está tornando algumas das pessoas mais ricas do mundo ainda mais ricas.

Françoise Bettencourt Meyers, 69 anos, a mulher mais rica do planeta, é a mais recente bilionária francesa a se beneficiar da onda de gastos que resiste à desaceleração da economia. Sua fortuna subiu para US$ 93,3 bilhões na quinta-feira (20), um salto de US$ 21,8 bilhões desde o início do ano, segundo o Bloomberg Billionaires Index, depois que a L’Oréal, o império de maquiagem e cuidados com a pele fundado por seu avô, registrou um forte crescimento de receita que enviou as ações a um recorde.

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Seus ganhos seguem os de Bernard Arnault, a pessoa mais rica do mundo que transformou a LVMH em um gigante da moda de 75 marcas, incluindo a casa de alta costura Christian Dior, a joalheria Tiffany & Co. e a Moet & Chandon Champagne, além das bolsas Louis Vuitton, é claro.

A riqueza de Arnault aumentou US$ 48,6 bilhões, para US$ 210,7 bilhões, em 2023, já que a empresa que ele controla vendeu bolsas, cosméticos e vinhos finos mais caros, gerando retornos estelares.

Francoise Bettencourt Meyers, a mulher mais rica do mundo, à frente do império da L'Oréal (Francois Guillot/AFP/Getty Images)

Um salto menos conhecido, mas igualmente significativo, na riqueza nos últimos meses é o da família francesa por trás da Hermès International, outro fornecedor líder de riqueza cujos lenços de seda e artigos de couro rivalizam com os da LVMH. O clã de sexta geração tem um patrimônio de cerca de US$ 157 bilhões, acima dos US$ 95 bilhões em outubro passado.

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A crescente acumulação de riqueza por parte dos fundadores e dos herdeiros de empresas francesas - um salto de US$ 93 bilhões apenas neste ano — ilustra o crescente domínio global do país na indústria de luxo e beleza.

Duas outras fortunas familiares também aumentaram: os irmãos Wertheimer, donos da Chanel - famosa por ternos de tweed e perfume nº 5 - e François Pinault, fundador da Kering, dona da Gucci.

Todas as cinco empresas multigeracionais foram criadas na França e construídas por meio da expansão para mercados internacionais, incluindo a China, que está provando ser um terreno lucrativo para grifes. As aquisições ao longo das décadas também impulsionaram o crescimento de L’Oreal, LVMH e Kering.

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Conheça mais dos indivíduos ultra-ricos e das famílias francesas que se beneficiaram do crescente apetite entre os endinheirados por produtos de beleza e roupas caras:

Françoise Bettencourt Meyers

A herdeira reclusa é neta do fundador da L’Oréal, Eugène Schueller, e vice-presidente do conselho da empresa. Seus filhos Jean-Victor Meyers e Nicolas Meyers também são diretores. Bettencourt Meyers e sua família são os maiores acionistas individuais com uma participação de quase 35%.

A divisão de luxo da L’Oréal vende marcas como Lancome, perfume Yves Saint Laurent, Helena Rubenstein e logo sabonetes Aesop, após fechar um acordo de US$ 2,53 bilhões neste mês para comprar a empresa australiana da gigante global Natura (NTCO3), de origem brasileira. E as vendas só devem aumentar.

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“Uma recuperação total do consumo de produtos de beleza na China e uma recuperação gradual nos gastos com viagens chinesas impulsionarão ainda mais as receitas do grupo pelo resto do ano”, escreveu Jie Zhang, analista da AlphaValue.

Bernard Arnault

Bernard Arnault, 74 anos: controlador do maior império de marcas de luxo do mundo, a LVMH

O discreto homem de 74 anos alcançou o topo do ranking de riqueza da Bloomberg no final do ano passado, tornando-se o primeiro europeu a reivindicar o posto de dono da maior fortuna do mundo. Ele vem consolidando e ampliando a liderança sobre Elon Musk em meio ao aumento das vendas da LVMH, que neste mês entrou para o ranking das 10 maiores empresas do mundo em valor de mercado.

O foco na riqueza de Arnault afetou sua reputação em casa. Manifestantes com sinalizadores invadiram brevemente a sede da empresa em Paris neste mês, antes de uma manifestação contra a polêmica reforma previdenciária do presidente Emmanuel Macron. A empresa estava entre as visadas pelos opositores como símbolos do capitalismo.

Família Hermés

As seis gerações de parentes por trás da Hermés International, fundada em 1837 pelo fabricante de arreios para cavalos Thierry Hermés, ainda controlam cerca de 67% da empresa. Em um momento em que muitas fortunas de dinastias evaporaram, o clã foi classificado como a quinta família mais rica do mundo em outubro. Isso foi antes do salto de 38% nas ações neste ano, impulsionado pela demanda por suas bolsas Birkin e Kelly.

Os descendentes ainda detêm o poder dentro da empresa, com Axel Dumas e Pierre-Alexis Dumas atuando como presidente executivo e diretor artístico, respectivamente, e Eric de Seynes liderando o conselho de supervisão. Outro membro da família, Henri-Louis Bauer, é presidente da holding Emile Hermés.

François Pinault

A fortuna do fundador da Kering, de 86 anos, aumentou relativamente modestos 24%, para US$ 44,3 bilhões, desde o início do ano. Isso reflete em parte a polêmica resultante de uma campanha publicitária da Balenciaga, uma de suas principais marcas. Enquanto a marca principal Gucci teve vendas mornas, Yves Saint Laurent apresentou forte desempenho no ano passado.

O filho de Pinault, François-Henri, é presidente e CEO desde 2005 e em fevereiro expressou insatisfação com o desempenho da empresa. A Kering divulga números trimestrais em 25 de abril. A holding da família, Financière Pinault, é proprietária da casa de leilões Christie’s e de uma coleção de arte contemporânea, vinhedos, a companhia de cruzeiros Compagnie du Ponant e a revista semanal francesa Le Point.

Alain e Gerard Wertheimer

Os reservados irmãos franceses que são donos da Chanel também se beneficiaram do boom nos gastos com artigos de luxo, que incluiu as cobiçadas bolsas, joias e maquiagem da grife. Seu patrimônio líquido aumentou 16% neste ano, para US$ 100,5 bilhões, de acordo com o índice da Bloomberg.

A Chanel, com sede em Londres, publica contas financeiras anuais apenas desde 2018. A Mousse Investments, a holding dos irmãos, está sediada nas Ilhas Cayman, enquanto seu family office, a Mousse Partners, é administrado há mais de duas décadas pelo meio-irmão Charles Heilbronn. A empresa está investindo no Rothschild & Co. para ajudar a tornar o banco privado.

- Com a ajuda de Angelina Rascouet e Jack Witzig.

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