CEO que atacou ‘mimimi’ de funcionários reacende debate sobre gap salarial

Economia mais fraca tende a tornar empregados e empregadores mais sensíveis a discussões de temas considerados polêmicos, como pagamento de bônus

Volta ao trabalho presencial e economia fraca tornam debate sobre remuneração mais sensível, segundo especialistas (Benjamin Girette/Bloomberg)
Por Jo Constantz
21 de Abril, 2023 | 04:44 PM

Bloomberg — A CEO da fabricante de móveis de luxo MillerKnoll, conhecida por suas icônicas cadeiras de escritório Herman Miller, continua a ser criticada por dizer aos funcionários para deixarem de “mimimi” e pararem de perguntar sobre bônus.

Essas palavras da CEO Andi Owen viralizaram e provocaram críticas nas mídias sociais - e podem voltar em breve para assombrá-la, já que o pacote de pagamento de Owen para o período atual provavelmente será divulgado em agosto.

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No exercício anterior, ela recebeu um salário de cerca de US$ 1 milhão, além de cerca de US$ 4 milhões em ações e opções, um plano de incentivo anual e despesas cobertas, como acesso a um jato da empresa.

A remuneração é um assunto delicado para funcionários e executivos, especialmente quando a economia está passando por uma fase difícil, disse Tony Guadagni, diretor sênior da consultoria Gartner.

O escrutínio sobre os níveis de remuneração dos executivos está se intensificando à medida que a alta da inflação atinge os orçamentos domésticos e os Estados Unidos experimentam escassez de pessoal em larga escala, o que encorajou muitos funcionários a pressionar por salários mais altos.

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“Acho que, em um momento como esse, em que o ciclo de notícias foi dominado pela inflação por 18 meses, em que os funcionários sentem que seus contracheques não estão indo tão longe quanto costumavam, a liderança organizacional seria sensata em ser sensível a isso’', ele disse.

A gravação vazada de 90 segundos captura Owen repreendendo a equipe no final de uma reunião interna de 75 minutos da empresa por especular demais sobre os pagamentos de bônus anuais.

“Gaste seu tempo e esforço pensando nos US$ 26 milhões de que precisamos, e não pensando no que fará se não receber um bônus”, disse Owen no vídeo, referindo-se a uma métrica interna. “Tive um antigo chefe que me disse uma vez: ‘Tudo bem sentir pena de si mesmo, mas não pode ser para sempre’.”

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Após a reunião, Owen enviou um e-mail à equipe e se reuniu com os líderes de toda a empresa para tratar de suas preocupações, de acordo com uma pessoa familiarizada com a situação.

“Andi acredita fortemente nesta equipe e em tudo o que podemos realizar juntos, e não será dissuadida por um clipe de 90 segundos retirado do contexto e postado nas redes sociais”, disse Kris Marubio, porta-voz da MillerKnoll, em comunicado por e-mail.

A preocupação da equipe da empresa com sede em Michigan sobre uma possível redução do pool de bônus ocorre em meio a uma queda nas vendas da MillerKnoll neste ano, com empresas reduzindo os gastos. As Companhias estão reduzindo gastos com imóveis, pois muitos trabalhadores continuam trabalhando remotamente após a pandemia, diminuindo a demanda por móveis de escritório.

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Os salários de outros CEOs estiveram no centro das atenções nos últimos meses, após demissões em massa em setores que vão dos bancos de Wall Street às big techs do Vale do Silício. Alguns, como David Solomon, do Goldman Sachs (GS), e James Gorman, do Morgan Stanley (MS), já aceitaram cortes salariais, enquanto outros ainda não divulgaram seus pacotes de remuneração mais recentes.

Embora os CEOs ganhem cerca de 300 vezes mais do que o funcionário médio, apenas cerca de um terço das pessoas comuns entrevistadas pelo Gartner achavam que a disparidade salarial era injusta. Mas, à medida que as ansiedades econômicas aumentam, há uma chance de que os funcionários se tornem cada vez mais sensíveis à diferença entre seus salários e os do C-Level, disse Guadagni.

“Eu não ficaria surpreso se começarmos a ver a maré mudar um pouco, especialmente dependendo do que acontecer com a economia nos próximos seis a 12 meses”, disse ele.

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