O que o resultado da Blackstone diz sobre o cenário para o mercado de imóveis

Maior gestora de investimentos alternativos do mundo reduziu a fatia de imóveis comerciais nos Estados Unidos para menos 2% do total, versus 61% em 2007

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Bloomberg — O lucro do primeiro trimestre da Blackstone (BX) caiu com a desaceleração dos negócios na maior gestora de ativos alternativos do mundo em um período tumultuado em que o aumento das taxas de juros agitou os mercados.

Os lucros para distribuição caíram 36%, para US$ 1,25 bilhão, ou US$ 0,97 por ação, em relação ao ano anterior, informou a Blackstone, com sede em Nova York, nesta quinta-feira (20). O resultado superou a estimativa média de 94 centavos de 16 analistas consultados pela Bloomberg. Os ativos sob gestão se aproximaram da marca de US$ 1 trilhão, subindo 8%, para US$ 991,3 bilhões.

As ações da empresa subiam 1,90% por volta das 11h20 (horário de Brasília), depois de abrirem em queda no início do pregão em Nova York. Os papéis da empresa acumulam ganho de 25% neste ano até quarta-feira (19), superando rivais KKR e Apollo Global Management.

A Blackstone tornou-se uma força dominante no universo financeiro fora de ações e títulos. É um gigante em take-privates, buyouts e negócios imobiliários. Agora, ele tem que lidar com a forma como os aumentos das taxas do Federal Reserve (Fed) estão atrapalhando os negócios e encerrando um período de rápido crescimento.

“Um ambiente de negócios mais lento não é um choque”, disse o presidente Jon Gray em entrevista. “As coisas ficam lentas devido à incerteza.”

Os saques de investidores da Blackstone ficaram mais contidosn este ano em relação ao ano passado, reduzindo as receitas das vendas em 22%. Eles também diminuíram o ritmo de fazer novas apostas em mais de 50%.

A incerteza econômica está testando o apetite dos investidores por estratégias mais difíceis de negociar e avaliar do que ações e títulos. A Blackstone teve entradas líquidas de US$ 29,5 bilhões no trimestre, abaixo dos US$ 39,9 bilhões do ano anterior.

Seu braço imobiliário foi a maior fonte de entradas líquidas no trimestre, impulsionado pelo fechamento de um fundo gigante para instituições. Isso compensou parte da dor de uma série de resgates do Blackstone Real Estate Income Trust, de US$ 70 bilhões. O fundo imobiliário para indivíduos ricos limitou os resgates nos últimos meses, depois que mais clientes tentaram sair.

Maior proprietária mundial de imóveis comerciais, a Blackstone baixou a avaliação de alguns escritórios nos Estados Unidos durante o trimestre, já que muitos funcionários continuam se recusando a retornar aos locais de trabalho após a pandemia.

A empresa vem reduzindo sua exposição a essas propriedades e agora contabiliza os escritórios nos Estados Unidos como menos de 2% de seu portfólio imobiliário, ante 61% em 2007.

Um obstáculo ao lucro foi seu investimento na Corebridge Financial. A Blackstone assumiu uma participação minoritária na seguradora em 2021 em troca de fechar um acordo para administrar uma parte crescente de seus ativos ao longo do tempo. As ações da Corebridge caíram 15% este ano.

O aumento das taxas de juros beneficiou uma unidade de negócios. As apostas de crédito privado da Blackstone tiveram o melhor desempenho no trimestre, entregando 3,4%.

Gray disse que o tumulto após o colapso de três bancos regionais dos EUA no mês passado criou oportunidades de investimento — mesmo depois que a Blackstone apoiou uma oferta que não vingou de uma empresa pelo Silicon Valley Bank. A Blackstone tem conversado com pequenos bancos sobre a possibilidade de emprestar junto com eles, à medida que mais procuram reduzir seus balanços.

“Devido ao foco na liquidez, eles podem querer encontrar parceiros”, disse Gray.

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