Aversão a risco cresce com balanços e temores de recessão e juros nos EUA

Dados fracos da economia e perspectiva de mais aperto de juros em maio reduzem ânimo; operadores avaliam também balanços de grandes empresas

Por

Barcelona, Espanha — A disposição no mercado para o risco diminuiu com uma visão mais acentuada de risco de recessão. A deixa veio com o Livro Bege do Federal Reserve (Fed), que mostrou uma economia mais estagnada, desaceleração da inflação e das contratações e um acesso ao crédito mais restrito.

Leia também o Breakfast, a newsletter matinal da Bloomberg Línea: Dólar acima ou abaixo de R$ 5?

Os futuros de índices dos Estados Unidos recuavam, assim como as bolsas na Europa, onde o destaque negativo são os papéis da Renault, que recuam quase 8% em meio a preocupações de que a pressão de preços ameace a recuperação dos lucros da montadora francesa. A decisão da Tesla de sustentar descontos para garantir a demanda por seus veículos influencia essa visão.

No mercado asiático, o fechamento foi misto entre as bolsas da região, com queda do índice Shanghai. Já no mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos recuava para 3,564% às 6h (horário de Brasília). O dólar se depreciava ante outras divisas, enquanto o euro e a libra se valorizavam. O contrato de petróleo WTI recuava e o de ouro subia, enquanto o bitcoin se depreciava, afastando-se um pouco mais do nível de US$ 30 mil.

→ O que move os mercados hoje

🗣️ Discursos e juros. O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e John Williams, do Fed de Nova York, ainda avaliam possíveis efeitos do recente estresse bancário sobre as condições de crédito, consumo e desaceleração econômica. Hoje, outros seis integrantes do banco central dos EUA fazem comentários. Na China, a taxa de juro foi mantida pelo banco central em 3,65% ao ano pelo oitavo mês consecutivo, conforme previa o mercado.

🤼‍♂️ Luta de gigantes. A Microsoft removeu o Twitter de suas ferramentas de planejamento e agendamento de mídia social para anunciantes, em resposta à decisão da rede social de começar a cobrar pelo acesso à sua interface de programação. Elon Musk respondeu a isso acusando a Microsoft de usar dados do Twitter “ilegalmente” e ameaçando abrir um processo contra a empresa.

🚘 Mais descontos? As ações da Tesla continuavam em baixa de mais de 7,5% na pré-abertura de mercado (6h03 de Brasília) depois da queda do lucro no primeiro trimestre. Além disso, Elon Musk indicou que continuará reduzindo preços de seus veículos para alimentar a demanda, e que a empresa pode suportar esses cortes, que chegou a US$ 7 mil no caso do Model 3 só neste ano.

💲 Resultados melhores. Entre os balanços, os investidores levam em conta hoje o lucro melhor que o previsto da Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), de US$ 6,8 bilhões no primeiro trimestre, embora a empresa continue lidando com a demanda global enfraquecida pela inflação.

💻 Leve otimismo. Ainda na área de tecnologia, o lucro da IBM atingiu US$ 1,36 por ação no trimestre até março, indo além da média de previsões (US$ 1,25). A empresa tem uma visão levemente otimista e prevê vendas entre 3% e 5% maiores em 2023, com resultados melhores no final do ano. No caso da Nokia, o lucro atingiu € 479 milhões, ante previsão € 544 milhões, com desaceleração da demanda em mercados maduros. A empresa finlandesa também espera um resultado melhor no segundo semestre.

🆙 Snapchat+ avança. O serviço de assinatura Snapchat+ atraiu mais de 3 milhões de usuários a um valor mensal de US$ 3,99, graças ao acesso antecipado a recursos como seu novo chatbot de inteligência artificial, o My AI, alimentado pela tecnologia GPT da OpenAI. Só nas últimas 11 semanas o serviço recebeu um milhão de assinantes e a meta de médio prazo da Snap é chegar a 10 milhões de usuários.

🪖 Mais armas. O governo dos EUA anunciou mais pacote de armas para a Ucrânia de até US$ 325 milhões. E o governo chinês negou relatos de que o país exportou drones para ajudar na invasão russa da Ucrânia e acusou os EUA de se envolver na disseminação de “informações falsas”.

🟢 As bolsas ontem (19/04): Dow Jones Industrials (-0,23%), S&P 500 (-0,01%), Nasdaq Composite (+0,03%), Stoxx 600 (-0,10%), Ibovespa (-2,12%)

A redução de riscos prevaleceu no pregão norte-americano e os investidores continuaram focados nos sinais sobre os próximos passos do Fed. O Livro Bege apontou estagnação econômica dos EUA nas últimas semanas, reforçando temores de recessão. Os balanços de Morgan Stanley e Western Alliance Bancorp superaram as estimativas, enquanto a Tesla ganhou menos que as previsões.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• EUA: Pedidos iniciais de Seguro Desemprego, Indicadores Antecedentes/Mar, Índice de Atividade Industrial do Fed-Filadélfia, Vendas de Casas Usadas/Mar, Índice de Indicadores Antecedentes/Mar

• Europa: Zona do Euro (Balança Comercial/Fev, Confiança do Consumidor/Abr); Reino Unido (Confiança do Consumidor-GFK/Abr); Alemanha (IPP); França (Pesquisa em Empresas/Abr); Espanha (Balança Comercial)

• Ásia: Japão (IPC/Mar, Índice de Atividade Terciária, PMI Industrial/Abr); China (Investimento Estrangeiro Direto/Mar)

• América Latina: Brasil (Reunião do CMN); México (Vendas no Varejo/Fev); Argentina (Balanço Orçamentário/Mar, Balança Comercial/Mar)

• Bancos centrais: Ata da reunião de Política Monetária (BCE), Discursos de Christine Lagarde (BCE), Christopher Waller, Patrick Harker, Loretta Mester, Raphael Bostic, Michelle Bowman e Lorie Logan (Fed)

• Balanços: AT&T, Taiwan Semiconductor, BHP, Blackstone, American Express, Union Pacific, Kimberly Clark, Philip Morris, Volvo, Nokia, Usiminas

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

Leia também:

Como as demissões em Wall Street e nas big techs reduzem a pressão inflacionária

Morgan Stanley tem receita de US$ 14,5 bi no 1º tri, acima do esperado