Argentina sobe juros para 81% ao ano diante de inflação acima de 100%

Economia enfrenta ‘tempestade perfeita’ com seca que deve levar economia a uma recessão e queda das reservas internacionais, a seis meses da eleição presidencial

Casa Rosada, em Buenos Aires, sede do governo da Argentina: eleição presidencial acontece em outubro
Por Scott Squires - Ignacio Olivera Doll
20 de Abril, 2023 | 07:38 PM

Bloomberg — O banco central da Argentina aumentou sua taxa básica de juros em 300 pontos-base nesta quinta-feira (20), depois que a inflação anual disparou em março e as reservas em moeda estrangeira caíram.

A principal taxa Leliq subiu para 81% ao ano, uma das taxas de política monetária mais altas do mundo, de acordo com um comunicado do banco central. A Reuters noticiou a mudança mais cedo.

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A Argentina também registrou um déficit comercial de US$ 1,1 bilhão em março, o maior em quase cinco anos. As exportações agrícolas caíram 34% em relação ao ano anterior, de acordo com novos dados do governo.

A Bolsa de Grãos de Buenos Aires reduziu sua estimativa de produção de soja nesta quinta para 22,5 milhões de toneladas métricas, ante 25 milhões anteriormente, já que uma seca recorde destruiu grande parte da safra essencial.

Os mercados da Argentina sofreram um choque nos últimos dias depois que a inflação subiu mais do que o esperado para 104% em março e a incerteza cresceu sobre a reformulação do programa de US$ 44 bilhões do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto a seca empurra a economia para uma recessão.

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Somando-se às preocupações, o chefe de assessores do presidente Alberto Fernandez renunciou na quarta-feira (19) sem fornecer um motivo.

Além disso, as reservas internacionais caíram nesta semana para o menor patamar do ano, mesmo depois que o FMI desembolsou um empréstimo de US$ 5,4 bilhões no fim do mês passado.

A Argentina agora corre contra o tempo para evitar uma nova crise cambial, à medida que os investidores locais tentam dolarizar os ativos com medo de que o governo seja forçado a desvalorizar sua moeda antes das eleições presidenciais de outubro.

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O que a Bloomberg Economics diz:

“O governo está tentando ganhar tempo com controles de preços e importações, uma taxa de juros real positiva, mas baixa, taxas de câmbio múltiplas para contornar os efeitos de uma moeda oficial supervalorizada e renegociações de dívidas que empurram os vencimentos para o novo mandato presidencial. Essas medidas podem evitar um colapso de curto prazo, mas plantam as sementes para uma difícil perspectiva pós-eleitoral.”

Adriana Dupita, economista para Brasil e Argentina

Veja mais em Bloomberg.com

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