Ray Dalio segue grandes fundos e levará family office ao Oriente Médio

Unidade será aberta em Abu Dhabi, segundo fontes à Bloomberg News; empresas de private equity e fundos hedge estão abrindo operações em cidades da região

Megainvestidor que fundou a Bridgewater é mais um grande player da indústria a estreitar laços com o Oriente Médio
Por Ben Bartenstein
19 de Abril, 2023 | 10:20 AM

Bloomberg — Ray Dalio está abrindo uma filial de seu family office em Abu Dhabi, como parte da ofensiva mais profunda do bilionário investidor da Bridgewater no Oriente Médio.

O fundador da Bridgewater Associates cultivou um relacionamento próximo com a liderança dos Emirados Árabes Unidos ao longo de várias décadas e a nova configuração na capital do país se baseia nos hubs existentes do Dalio Family Office nos Estados Unidos e em Singapura, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto.

O novo escritório estará localizado no Mercado Global de Abu Dhabi, a zona financeira internacional livre no emirado, que atraiu um quadro de grandes fundos hedge, empresas de capital de risco e empresas de criptoativos no ano passado.

Estão em andamento planos para levar uma equipe de profissionais de investimento experientes para liderar o braço do family office, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque o assunto é privado.

PUBLICIDADE

“Tive mais de 30 anos de trabalho e relacionamentos significativos com as pessoas e a liderança em Abu Dhabi, o que me levou a gostar e admirá-los muito”, disse Dalio em um comunicado.

“Abu Dhabi também está se tornando um centro para muitos desenvolvimentos interessantes na região, inclusive nos Emirados Árabes Unidos e na Arábia Saudita.”

Como parte de sua investida no Oriente Médio, Dalio também está explorando uma parceria de investimento mais ampla com o Grupo 42, a empresa de Inteligência Artificial (AI) presidida pelo Conselheiro de Segurança Nacional dos Emirados Árabes Unidos, Sheikh Tahnoon bin Zayed, disseram as pessoas.

Uma de suas iniciativas conjuntas é um projeto para ajudar a desenvolver a nova capital da Indonésia, disseram as pessoas.

Dalio, cujo patrimônio líquido é estimado em mais de US$ 16 bilhões, se junta a uma lista crescente de indivíduos ricos que estão abrindo escritórios nos Emirados Árabes Unidos.

Vários fundos hedge - equivalentes no Brasil aos multimercados - migraram para Dubai nos últimos dois anos, atraídos pelos baixos impostos da cidade-estado, pela conectividade internacional e pelo estilo de vida confortável. A vizinha Abu Dhabi, lar de fundos soberanos que administram mais de US$ 1 trilhão, atraiu sua própria parcela de grandes nomes, incluindo a Brevan Howard Asset Management.

Ambos os emirados estão em discussões ativas para atrair empresas de investimento adicionais para o país. O centro financeiro de Dubai disse em fevereiro que está em negociações com mais de 50 empresas que já atraíram pesos pesados da indústria, como Millennium Management e ExodusPoint Capital Management.

PUBLICIDADE

Isso coincide com o aumento da concorrência da Arábia Saudita, o maior vizinho dos Emirados Árabes Unidos, sobre o status do país como um centro regional de negócios.

Como parte dos esforços do príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman para reduzir a dependência do reino da receita do petróleo, está pressionando as empresas estrangeiras a mudarem suas sedes para Riad ou correrem o risco de perder contratos com o governo.

Dalio, de 73 anos, está construindo seu family office ao se afastar da Bridgewater, que fundou em 1975. O maior fundo de hedge do mundo agora é liderado pelo CEO Nir Bar Dea.

O Dalio Family Office ajuda a administrar os investimentos privados do bilionário, bem como suas doações filantrópicas. Entre essas causas está a exploração oceânica, que ele apóia por meio de sua organização sem fins lucrativos OceanX.

- Com a colaboração de Stefania Bianchi.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

A pedido de Lula, Haddad desiste de taxar produtos importados de asiáticos

Por que a Vale perdeu o posto de ‘top pick’ do Santander em commodities

Usiminas: o que muda após fim da hegemonia de 60 anos da Nippon na siderúrgica