Com vacância maior, Brookfield atrasa pagamento de dívida imobiliária

Fundos da empresa com grande atuação em real estate têm tido dificuldade para preencher espaço em edifícios comerciais nos EUA; hipotecas em atraso somam US$ 161,4 milhões

Vista aérea de São Francisco, na Califórnia, que abriga um dos escritórios do fundo de VC Benchmark
Por John Gittelsohn
18 de Abril, 2023 | 02:58 PM

Bloomberg — Os fundos da gigante canadense Brookfield deixaram de pagar uma hipoteca de US$ 161,4 milhões de uma dúzia de prédios comerciais de escritórios, principalmente em torno da capital Washington, D.C., em um reflexo do aumento da vacância que atinge as propriedades.

O empréstimo foi transferido para um empresa prestadora de serviços especial que está trabalhando “para firmar um acordo de pré-negociação e determinar o caminho a seguir”, de acordo com um documento do título comercial lastreado em hipotecas.

Alguns proprietários de imóveis estão inadimplentes à medida que os juros aumentam e as perspectivas de ocupar as torres de escritórios diminuem devido ao aumento do trabalho remoto e híbrido.

Essas tendências pesaram sobre os valores das propriedades. No ano passado, os preços dos imóveis caíram cerca de 25% nos EUA, de acordo com a consultoria Green Street. Cerca de 4,8% das propriedades de escritório com hipotecas comerciais eram gerenciadas por prestadores de serviços especiais em março, ante 3,2% um ano atrás, de acordo com a Trepp.

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A Brookfield, uma grande proprietária de imóveis comerciais, já estava com dívidas atrasadas relacionadas a dois edifícios de Los Angeles (Gas Company Tower e 777 Tower).

Outras empresas de imóveis, incluindo o Columbia Property Trust, de propriedade de fundos administrados pela gigante Pacific Investment Management, a Pimco, e um empreendimento iniciado pela WeWork e pelo Rhone Group também deixaram de pagar dívidas imobiliárias.

Outra propriedade de escritório da Brookfield em Los Angeles - o 725 South Figueroa St. - foi transferida para uma prestadora de serviço especial e colocada sob supervisão da Kroll Bond Rating Agency, de acordo com um informe nesta terça-feira (18).

“Sempre nos concentramos na qualidade, então 95% do que possuímos são trophy assets e edifícios de classe A que continuam com uma forte demanda global e se beneficiam do movimento de flight to quality”, disse Kerrie McHugh, porta-voz da Brookfield, em comunicado por e-mail.

“Embora a pandemia tenha colocado desafios para escritórios tradicionais em algumas partes do mercado dos EUA, isso representa uma porcentagem muito pequena de nosso portfólio.”

Na região metropolitana de Washington, os valores dos imóveis comerciais caíram 36% até março em relação ao ano anterior, de acordo com o índice Green Street.

Apenas cerca de 43% dos trabalhadores da região estavam trabalhando presencialmente durante a semana de 5 de abril em comparação com os níveis pré-pandemia, de acordo com a Kastle Systems.

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É um patamar menor do que em cidades como Nova York, Chicago e Austin, Texas, mas maior do que algumas áreas da Califórnia que foram particularmente atingidas pela retração das empresas de tecnologia.

Entre os doze edifícios no portfólio da Brookfield com a dívida de US$ 161,4 milhões, as taxas de ocupação foram em média de 52% em 2022, abaixo dos 79% em 2018, quando a dívida foi subscrita, de acordo com o relatório.

Os pagamentos mensais da dívida de taxa flutuante da hipoteca saltaram para cerca de US$ 880 mil em abril, de pouco mais de US$ 300 mil um ano antes, quando o Federal Reserve elevou as taxas de juros.

As ações relacionadas a escritórios caíram neste ano em meio a preocupações sobre as perspectivas para as propriedades.

Um índice de fundos de investimento imobiliário de escritórios de capital aberto tem queda acumlada de 19% nste ano até o fechamento de segunda-feira (17). O índice S&P 500 subiu 8% durante esse período.

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