Bloomberg Línea — A Netflix (NFLX) perdeu 450 mil assinantes no primeiro trimestre de 2023 na América Latina, de acordo com os resultados da companhia divulgados nesta terça-feira (18). É a primeira queda de assinantes na região desde o trimestre encerrado em março de 2022, quando a empresa havia perdido 351 mil assinantes.
A América Latina é a única região de atuação da Netflix com perdas líquidas de usuários pagantes nos primeiros três meses deste ano. A retração, no entanto, ocorre depois de a empresa ter tido um desempenho forte no quarto trimestre de 2022, com a adição de 1,7 milhão de assinantes na América Latina. No total, eram 41,2 milhões assinaturas pagas na região ao final de março de 2023.
Em relação às vendas, os países latino-americanos representaram uma receita de US$ 1,07 bilhão no primeiro trimestre (13% do total), com crescimento de 7% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a empresa teve faturamento de US$ 998 milhões.
Apesar do resultado financeiro positivo, a retração do número de usuários na América Latina contribuiu para o resultado global mais fraco da empresa.
A Netflix adicionou 1,75 milhão de assinantes no primeiro trimestre, número que ficou abaixo das expectativas de analistas do mercado financeiro, que estimavam crescimento de 2,41 milhões, de acordo com a Bloomberg. No total, o serviço de streaming tinha 232,50 milhões de assinantes pagos no mundo ao final de março.
Além do crescimento mais fraco, a Netflix previu que terá vendas e lucros mais baixos do que o que os analistas haviam estimado no segundo trimestre deste ano, o que elevou as preocupações dos investidores sobre o futuro da empresa de streaming.
As ações da Netflix caíram até 12%, para US$ 294,80, nas negociações do after market após o anúncio dos resultados. Este é o segundo ano consecutivo em que a Netflix tem um começo instável.
Cobrança por compartilhamento de senhas
Uma das apostas da Netflix para melhorar os resultados financeiros é a cobrança adicional para que os assinantes possam compartilhar suas senhas com outros usuários do serviço, como familiares ou amigos.
O serviço foi testado no ano passado no Chile, no Peru e na Costa Rica e estreou em fevereiro no Canadá, em Portugal, na Espanha e na Nova Zelândia. O Brasil ainda não está entre os países que têm a cobrança adicional. A Netflix estima que cerca de 100 milhões de pessoas ao redor do mundo (pouco menos da metade do total de assinantes) usem senhas compartilhadas.
A empresa, que aposta que o pagamento pelo compartilhamento de contas aumentaria sua receita, disse que está satisfeita com o resultado do lançamento do serviço, apesar de uma reação inicial de cancelamento do serviço por parte dos usuários.
“Assim como na América Latina, vimos uma reação de cancelamento em cada mercado quando anunciamos a novidade, o que impacta o crescimento de membros no curto prazo”, disse a empresa, em documento aos acionistas.
Contudo, a gigante do streaming acredita que à medida que os “emprestadores de senhas” comecem a ativar suas próprias contas e os assinantes existentes adicionem contas de “membros extras”, a empresa verá um aumento na aquisição de usuários e na receita.
“No Canadá, que acreditamos ser um espelho confiável para os EUA, nossa base de membros pagantes agora é maior do que antes do lançamento do compartilhamento pago e o crescimento da receita acelerou e agora está crescendo mais rápido do que nos Estados Unidos”, disse a empresa.
A Netflix disse ainda que à medida que adota o compartilhamento de senhas pago, alguns “emprestadores de senhas” podem deixar de acessar o serviço e a audiência de curto prazo, medida por empresas como a Nielsen, “provavelmente diminuirá modestamente”.
“No entanto, acreditamos que o padrão será semelhante ao que vimos na América Latina, com o crescimento do engajamento sendo retomado ao longo do tempo à medida que continuamos a melhorar nossa programação e os emprestadores de senha se inscrevem em suas próprias contas”, diz o comunicado da Netflix.
A Netflix teve uma receita de pouco mais de US$ 1 bilhão na América Latina no primeiro trimestre de 2023, um crescimento de 7% em relação ao mesmo período no ano passado, quando a empresa teve uma receita de US$ 998 milhões.
-- Com informações da Bloomberg News
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