Opinión - Bloomberg

A lição que o Goldman Sachs deveria aprender com o Bank of America

O foco inabalável do BofA foi recompensado no trading de títulos, enquanto o Goldman está resolvendo os problemas de sua decisão de se aventurar no varejo bancário

Brian Moynihan, CEO do Bank of America: resultados do primeiro trimestre bem avaliados por analistas
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Bloomberg Opinion — O Bank of America (BAC) estava no lugar certo na hora certa durante o primeiro trimestre. O mesmo não pode ser dito do Goldman Sachs (GS).

O primeiro está colhendo os benefícios de uma estratégia bem definida, de longa data, que recebeu um impulso de alguns investimentos direcionados. O segundo está ocupado consertando erros recentes justamente quando um de seus maiores negócios deu errado.

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A diferença entre os dois foi mais acentuada nas receitas dos mercados de títulos (renda fixa), taxas de juros e trading de moedas e commodities, também conhecidas como FICC.

Mas os serviços bancários de varejo trazem outro grande contraste: o Goldman está tentando recuperar o prejuízo com sua marca Marcus e a aquisição da GreenSky, enquanto o Bank of America, liderado pelo CEO Brian Moynihan, parecia um porto seguro para alguns depositantes durante um trimestre que trouxe o colapso de três bancos menores dos EUA.

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No trading de FICC, o Bank of America relatou seu melhor trimestre em uma década, superando projeções e apresentando uma receita quase 30% melhor do que a do primeiro trimestre do ano passado – isso em uma área na qual o JPMorgan (JPM) relatou uma receita estável e o Citigroup (C) teve aumento de cerca de 3,5%. A receita proveniente de FICC do Goldman Sachs foi 17% menor.

Receita proveniente de renda fixa, câmbio e commodities

O problema do Goldman foi uma queda na receita proveniente do trading de commodities, que chegou a níveis quase recordes no ano passado e ajudou a elevar sua receita comercial do primeiro trimestre em 2022 em mais de 20% em termos anualizados.

O CEO David Solomon disse que US$ 4 bilhões da receita de FICC neste trimestre ainda foi algo bem sólido para os negócios mais importantes do Goldman.

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Mas, ao mesmo tempo, seu negócio de financiamento de FICC, que deve acrescentar estabilidade à receita comercial, também caiu no primeiro trimestre e tem diminuído a cada três meses desde um pico em meados de 2022. Isso parece se dever principalmente aos custos de financiamento mais elevados que diminuem a receita proveniente de juros que pode gerar.

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Na área de FICC do Bank of America, foi o fruto de alguns investimentos oportunos na negociação de títulos do governo e outros produtos chamados macro que ajudaram. A volatilidade causada pelo aumento das taxas de juros no ano passado, mais a turbulência em torno da pequena crise bancária em março, significou mais trading nessas áreas em um momento em que o Bank of America vinha se atualizando.

O trading de títulos corporativos, uma força histórica, também se recuperou neste ano – e o banco está muito menos exposto a áreas que desaceleraram, como os mercados emergentes.

No que diz respeito aos serviços bancários tradicionais, o Bank of America não teve ganhos em seus depósitos totais durante o primeiro trimestre como o JPMorgan, mas viu uma forte reversão no trimestre nos saldos das contas correntes dos consumidores – terminando o período em uma posição um pouco melhor.

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Também diferentemente do JPMorgan, sua receita total de juros líquidos para o trimestre foi marginalmente reduzida em comparação com o último trimestre do ano passado, mas ainda assim superou as previsões dos analistas, provavelmente porque colocou mais dinheiro excedente em depósitos de alto rendimento do banco central e ativos interbancários de curto prazo.

Enquanto isso, o Goldman vendeu cerca de US$ 1 bilhão dos empréstimos pessoais que fez aos clientes do Marcus e prometeu descarregar o restante ao longo do tempo. Disponibilizar todos esses empréstimos para venda significou que o banco poderia liberar provisões de créditos inadimplentes que tomou no ano passado, dando-lhe uma reintegração de US$ 440 milhões.

O lado negativo é que ele teve que marcar todo o livro de empréstimos restantes ao seu valor de venda esperado, o que significou uma perda de US$ 470 milhões.

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Solomon também confirmou uma reportagem da Bloomberg News que afirmou que o Goldman estava procurando vender o negócio de financiamento para reformas GreenSky, que comprou por US$ 2,24 bilhões.

O negócio foi fechado no auge da animação com os negócios de fintech e com um valuation que alguns investidores e analistas acreditavam ser muito alto. Vendê-lo em uma economia em desaceleração e com taxas de juros muito mais altas poderia significar uma grande perda.

A diferença em como o Goldman e o Bank of America começaram 2023 é um grande alerta de que é necessário manter-se fiel àquilo em que se é bom. Mas é preciso dizer que seus destinos também mostram que um pouco de sorte – especialmente no que diz respeito ao timing – também ajuda.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Paul J. Davies é colunista da Bloomberg Opinion, cobrindo bancos e finanças. Trabalhou anteriormente para o Wall Street Journal e o Financial Times.

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