Dólar vai continuar em queda? Fundos hedge apostam na direção contrária

Pela primeira vez desde o começo de 2022, fundos ficam com posições compradas líquidas em todas as moedas contra o dólar, o que sinaliza possível reversão de tendência

Moeda americana passa por um começo de ano de gradual desvalorização versus outras divisas no mundo (Xaume Olleros/Bloomberg)
Por Matthew Burgess - Garfield Reynolds
17 de Abril, 2023 | 01:46 PM

Bloomberg — Os fundos hedge estão apostando que o período mais longo de quedas semanais do dólar em quase três anos está prestes a ser revertido depois que os investidores ampliaram a precificação dos cortes nas taxas de juros do Federal Reserve a níveis extremos.

Fundos alavancados ficaram com posição líquida comprada - de aposta na alta - em todas as principais moedas em relação ao dólar na semana passada, a primeira vez desde janeiro de 2022, de acordo com os dados mais recentes da Commodity Futures Trading Commission.

Embora um indicador do posicionamento geral do investidor permaneça pessimista em relação ao dólar, o amplo grau de otimismo entre os fundos hedge - equivalentes aos multimercados no Brasil - pode sinalizar uma diminuição da preocupação com o impacto da crise bancária na disposição do Fed de combater a inflação.

As apostas renderam uma vitória e o Bloomberg Dollar Spot Index subiu pelo segundo dia consecutivo nesta segunda-feira (17). A recuperação foi liderada por um integrante do Fed, Christopher Waller, que disse ser a favor de mais aumentos de juros para combater os preços persistentemente altos, bem como em razão de um aumento inesperado em um indicador de expectativas de inflação ao consumidor e vendas no varejo dos Estados Unidos melhores do que o esperado.

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Os traders observarão novos dados, incluindo os pedidos iniciais de seguro-desemprego, nesta semana, enquanto procuram avaliar o caminho da política monetária do banco central.

Pela primeira vez desde o início de 2022, fundos acumulam posições compradas líquidas em moedas contra o dólar

Na terça-feira passada (11), traders precificavam um possível aumento do Fed em maio, seguido por uma mudança para cortes já em julho, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os mercados agora sinalizam uma pequena chance de um corte de juros em setembro e um maior em novembro.

Ao todo, os mercados estão sugerindo cerca de 50 pontos-base em reduções de juros até o fim do ano, em comparação com expectativas de cerca de 65 pontos-base durante grande parte da semana passada. As taxas estão atualmente no intervalo entre 4,75% e 5,00%.

“A precificação do mercado para cortes de juros em novembro é muito cedo para o FOMC devido ao pulso elevado da inflação subjacente nos EUA”, escreveram Joseph Capurso e Kristina Clifton, estrategistas do Commonwealth Bank of Australia, em nota aos clientes.

É provável que o dólar recupere suas perdas nos próximos meses, mesmo que caia nesta semana caso os dados econômicos dos EUA desapontem, escreveram eles.

O dólar se recuperou de uma baixa de mais de dois meses alcançada no final da semana passada, quando encerrou uma sequência de cinco perdas semanais consecutivas, a mais longa sequência desde julho de 2020.

- Com a colaboração de Aline Oyamada, David Watkins, Anya Andrianova e Edward Bolingbroke.

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