Bloomberg — O medicamento para perda de peso campeão de vendas, um sucesso entre as celebridades de Hollywood e do Vale do Silício, mais do que dobrou o valor de mercado da Novo Nordisk (NVO) desde 2021 e parece destinado a ser uma vaca leiteira para a empresa dinamarquesa nos próximos anos.
O Wegovy voou das prateleiras desde que obteve a aprovação dos Estados Unidos em junho de 2021, ao lado do Ozempic, seu medicamento para diabetes que também foi usado como inibidor de apetite.
Com as vendas de tratamentos para obesidade na Novo Nordisk mais do que dobrando em 2022, seu valor de mercado disparou para 2,3 trilhões de coroas dinamarquesas (US$ 336 bilhões), tornando-a a segunda empresa mais valiosa da Europa e colocando o conglomerado suíço de 160 anos Nestlé em terceiro lugar.
A farmacêutica ainda está um pouco atrás da LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton, empresa de bens de luxo de US$ 448 bilhões, que é a maior empresa da Europa em valor de mercado. No entanto, subiu do sétimo lugar em apenas dois anos, com as ações atingindo um novo recorde na quinta-feira (13) em 1.025 coroas dinamarquesas (US$ 150).
“Ainda está no começo, mas a necessidade médica é clara e o número de pacientes em potencial é enorme”, disse Ulrica Slane Bjerke, gestora do fundo de saúde Arctic Aurora LifeScience, que conta com a empresa dinamarquesa como uma das suas principais participações.
As duas drogas de enorme sucesso estão sendo utilizadas por especialistas como uma ferramenta-chave para combater as crescentes taxas de obesidade no mundo todo. Analistas da Cowen preveem que o mercado global de tratamentos para perda de peso valerá US$ 30 bilhões até 2030, embora algumas estimativas o coloquem em até US$ 50 bilhões.
Os pesquisadores descobriram que o Ozempic ajuda os pacientes a perder uma média de três a seis Kg, enquanto as pessoas que tomam Wegovy demonstraram perder cerca de 15% do peso corporal.
Ambas as drogas são baseadas na tecnologia de supressão do apetite conhecida como agonistas de GLP-1 – embora até agora apenas o Wegovy seja aprovado para o tratamento da obesidade.
Ozempic é rotulado para diabetes, mas tem sido tão usado para perda de peso que o regulador de medicamentos da Europa recentemente pediu aos médicos que priorizassem a injeção para diabéticos.
Tal tem sido o frenesi, que uma piada sobre Ozempic chegou à cerimônia do Oscar em 12 de março. Com o aumento da escassez, a Novo Nordisk tem lutado para acompanhar a demanda, e o lançamento do Wegovy em 2022 foi ainda mais prejudicado por problemas de produção.
A empresa disse aos investidores em sua reunião geral anual na quinta-feira (13) que os gargalos de fabricação foram resolvidos e que a produção será expandida nos EUA e na Dinamarca.
Duas doses comuns de Ozempic agora estão disponíveis novamente, de acordo com uma atualização publicada no banco de dados de escassez de medicamentos da Food and Drug Administration (a Anvisa dos EUA) na semana passada.
O diretor executivo da Novo Nordisk, Lars Fruergaard Jorgensen, disse à AGM que a empresa precisava aumentar a capacidade de produção em geral.
Os analistas estão divididos sobre quanto mais a Novo pode capitalizar com os dois medicamentos, que juntos representaram cerca de 43% das receitas do grupo no ano passado, acima dos 30% em 2021.
Enquanto isso, os concorrentes estão se esforçando para também entrar nesse campo lucrativo, com o principal rival da Novo no tratamento de diabetes nos EUA, Eli Lilly & Co., agora oferecendo seus próprios tratamentos usando agonistas de GLP-1.
As ações da empresa, com o melhor desempenho mundial em saúde desde o lançamento do Wegovy em meados de 2021, atualmente têm 17 recomendações de compra (aposta na alta), enquanto 10 analistas as classificam como neutras e outras cinco têm recomendação de venda (aposta na queda).
A ação é cara, sendo negociada a 30 vezes o lucro futuro, o dobro do da europeia Roche Holdings. Analistas acompanhados pela Bloomberg veem um potencial de retorno médio de 2,2% nos próximos 12 meses, bem atrás de grandes empresas farmacêuticas como a AstraZeneca em cerca de 15% e a Roche em cerca de 25%.
“Pode-se argumentar que a Novo tem um preço perfeito, mas o mercado provavelmente vê um potencial positivo com base na transformação do tratamento da obesidade do qual o Novo faz parte”, disse Slane Bjerke.
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