Um dos estrategistas mais pessimistas de Wall St alerta sobre ações de tech

Michael Hartnett, do Bank of America, diz que ativos estão caros e vão sofrer com juros altos; e recomenda ações baratas de outros mercados, vinculadas ao crescimento

Traders na Nyse, a Bolsa de Nova York: apesar de ganhos neste ano, gestores e estrategistas estão preocupados (Michael Nagle/Bloomberg)
Por Farah Elbahrawy
14 de Abril, 2023 | 10:47 AM

Bloomberg — Os investidores devem evitar ações americanas em meio a expectativas generalizadas de uma recessão. Ao menos é o que defende Michael Hartnett, do Bank of America (BAC), que é considerado um dos estrategistas-chefes mais bearish de Wall Street, se não o mais.

O estrategista está pessimista em relação aos papéis de tecnologia, que têm um peso maior nas bolsas dos Estados Unidos do que em outros mercados, por causa do maior escrutínio regulatório e dos juros mais altos.

Isso já começa a afetar os fluxos de investimento. Os fundos voltados para o setor de tecnologia nos EUA sofreram resgates líquidos de US$ 2,1 bilhões na semana até 12 de abril, a maior saída desde dezembro de 2018 e terceira maior já registrada, segundo o BofA, com base em dados da EPFR Global.

Hartnett, que estava corretamente pessimista - ou realista - com a performance da renda variável no ano passado, espera que ações mais baratas de outros mercados, vinculadas ao crescimento econômico, como ativos de bancos europeus, japoneses e de mercados emergentes, terão desempenho melhor que as caras ações de crescimento dos EUA em um cenário de custo de crédito elevado.

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A temporada de balanços nos EUA será o próximo teste, revelando como as empresas foram impactadas por ventos contrários como estresse do sistema bancário - vide quebra do SVB e de mais dois bancos -, juros mais altos e demanda em desaceleração. Hartnett disse que todos os indicadores apontam para uma recessão de lucro mais profunda do que o esperado.

Christian Mueller-Glissmann, chefe de pesquisa de alocação de ativos do Goldman Sachs (GS), também avalia que a recuperação das ações não deve durar, principalmente nos EUA.

“Se o mercado de trabalho continuar forte e se a economia não entrar em recessão, a pressão sobre o Fed para reduzir juros tanto quanto o mercado está precificando é bastante baixa”, disse ele em entrevista à Bloomberg Television.

Hartnett vê um retorno máximo de 3% a 4% do crédito e de ações no médio prazo. Ele recomenda vender o índice S&P 500 na faixa de 4.100 a 4.200 pontos, em que o índice já fechou na quinta-feira (13).

- Com a colaboração de Allegra Catelli.

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