Bloomberg — Os cortes de produção da Opep+ provavelmente aumentarão os preços do petróleo e causarão mais dor aos consumidores já pressionados pela alta inflação, disse a Agência Internacional de Energia (AIE)
Os mercados globais de petróleo – já a caminho de um déficit de oferta antes mesmo que a Arábia Saudita e seus parceiros surpreendessem ao revelar as restrições – apertarão mais do que o esperado, forçando grandes retiradas de estoque de cerca de 2 milhões de barris por dia em média no segundo semestre do ano, segundo a agência.
“Os saldos do mercado de petróleo já estavam destinados a um déficit substancial”, disse a AIE, com sede em Paris, em seu relatório mensal publicado nesta sexta-feira (14).
“Os últimos cortes correm o risco de exacerbar essas tensões” e “os consumidores atualmente sob o cerco da inflação sofrerão ainda mais com os preços mais altos”.
A Arábia Saudita e seus parceiros da Opep+ chocaram os traders de petróleo e fizeram os preços subirem quando concordaram com novas restrições de produção de mais de 1 milhão de barris por dia em 2 de abril, ao mesmo tempo em que revive as pressões inflacionárias para a economia mundial.
A Rússia, um importante membro da Opep+, anunciou simultaneamente cortes de oferta em retaliação às sanções contra a guerra na Ucrânia, embora a AIE agora espere que a produção russa caia muito menos do que o inicialmente previsto.
Moscou sempre desafiou as previsões da AIE de que sua produção entraria em colapso, e a agência - que há alguns meses esperava que os suprimentos russos caíssem 1,6 milhão de barris por dia neste trimestre - agora antecipa uma queda de apenas 530.000 por dia este ano, ou cerca de 5%.
Em março, as exportações de petróleo do país atingiram o nível mais alto em três anos, informou a AIE.
Demanda robusta
A Opep descreveu suas restrições de oferta como uma “medida de precaução” para combater a incerteza econômica e um impedimento para especuladores que fazem apostas injustificadas contra o mercado. Os altos níveis de estoque, que em janeiro atingiram o nível mais alto desde o verão de 2021 no hemisfério norte, também podem ter desencadeado a mudança, disse a AIE.
No entanto, a decisão não condiz com as perspectivas para a demanda global de petróleo, que a AIE prevê que aumentará em saudáveis 2 milhões de barris por dia este ano em meio a uma recuperação pós-pandêmica na China, atingindo um recorde de 101,9 milhões de barris por dia, em média.
A própria Opep manteve previsões robustas para o consumo mundial de combustível este ano em seu relatório divulgado na quinta-feira (13) e sinalizou que o mercado enfrenta um déficit de oferta semelhante ao previsto pela AIE.
A medida da organização foi criticada como imprudente pelo governo do presidente Joe Biden, que tem um relacionamento difícil com os aliados de longa data dos Estados Unidos em Riad. O diretor executivo da AIE, Fatih Birol, chamou a decisão de uma “má surpresa” para a economia global.
Ainda assim, a Opep+ atraiu uma desaprovação ainda mais forte por um corte anterior na oferta em outubro, uma decisão que parecia presciente nos meses seguintes, à medida que as perspectivas econômicas globais se deterioravam.
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