Como o maior acionista da Light vê a crise da empresa após as ações caírem 80%

Ronaldo Cezar Coelho, do fundo Samambaia, tem 20% do capital e diz à Bloomberg News que parte da área de concessão no estado do Rio é refém do crime organizado

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Bloomberg — Ronaldo Cezar Coelho, experiente investidor que é o maior acionista da Light (LIGT3), está disposto a enfrentar a atual tempestade e manter sua aposta na companhia de energia elétrica à medida que a empresa inicia conversas para reestruturar a sua dívida de R$ 11 bilhões e busca a renovação antecipada de uma concessão-chave para os seus negócios.

Coelho, que possui 20% da centenária companhia por meio de seu fundo Samambaia, viu as ações da Light recuarem 80% nos últimos três anos e negociarem perto das mínimas históricas.

A Light tem sofrido com a escalada da taxa de juros, o aumento da inadimplência e os índices considerados elevados de furto de energia no estado do Rio de Janeiro devido a ligações clandestinas.

Apesar do quadro adverso, o investidor está confiante de que a Light conseguirá renovar a sua concessão na região — que representa a maior parte de seu negócio total — em condições mais favoráveis.

“A importância histórica da Light, que tanto me seduziu, não corresponde à realidade de uma área de concessão refém do crime organizado”, disse Coelho, de 76 anos, em entrevista à Bloomberg News. “Haverá uma solução que reconheça essa situação no Rio, onde mais da metade da energia distribuída em residência é roubada.”

Em março, o CEO da Light, Octavio Pereira Lopes, disse a analistas que a empresa precisa ter tratamento diferenciado para as ASROs — áreas com severas restrições à operação — em conversas para o contrato de concessão.

A concessão da Light SESA, subsidiária de distribuição, vence em 2026, mas a Light precisa manifestar interesse na renovação até junho, e a Aneel tem 18 meses depois disso para se pronunciar.

Enquanto a incerteza persiste e o caixa diminui, a companhia obteve uma liminar para a suspensão temporária - por ora de 30 dias - de pagamento de obrigações financeiras de cerca de R$ 11 bilhões.

Credores questionam a suspensão das obrigações e chamam a decisão de uma espécie de “recuperação judicial branca”, o que o executivo negou a outros sites. Procurado pela Bloomberg Línea nas últimas semanas, a Light não quis comentar a sua crise.

“Na reestruturação, se for para ajudar, estarei presente”, disse Coelho.

Os bonds da Light com vencimento em 2026 negociam em torno de 32,5 centavos de dólar, abaixo dos 83 centavos no início do ano.

“Eu, como acionista, vou esperar,” disse Coelho. “Invisto em ações há mais de 50 anos e sei que a vida continua.”

- Com informações da Bloomberg Línea.

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