Bloomberg — O Twitter deixou de ser uma empresa independente após a fusão com uma empresa recém-criada chamada X Corp., o que levantou questões sobre os planos de Elon Musk para a plataforma de rede social.
O Twitter “não existe mais” depois de ser incorporado à X Corp., de acordo com um documento de 4 de abril apresentado a um tribunal da Califórnia, para um processo aberto no ano passado contra a empresa e seu ex-CEO Jack Dorsey pela ativista conservadora Laura Loomer.
Não está claro o que a mudança significa para o Twitter, que passou por uma ampla reformulação desde que Musk comprou a rede social por US$ 44 bilhões em outubro do ano passado e, como uma de suas primeiras medidas, decidiu fechar o capital, tirando a empresa da Bolsa de Nova York.
O bilionário sugeriu no passado que a compra do Twitter seria um “acelerador” para a criação do X — que Musk chamou de “aplicativo para tudo”.
Musk tuitou sobre a mudança na terça-feira (11) com apenas um “X”, o que remete, para os brasileiros, para a holding EBX das empresas de Eike Batista nos anos 2000: OGX (de petróleo e gás), OSX (de estaleiros), MMX (mineração) e LLX (logística), entre outras, que acabou se desfazendo anos mais tarde com o fracasso da maioria de seus negócios.
O segundo homem mais rico do mundo manifestou sua intenção de tornar o X semelhante ao WeChat da China, um superaplicativo controlado pela Tencent que possui diversas ferramentas, como pagamentos, reserva de ingressos para eventos e mensagens.
Mas Musk tem sido vago sobre como o projeto se encaixaria em seu vasto império, que inclui a gigante de carros elétricos Tesla e a Space Exploration Technologies. Musk também é dono do domínio “X.com” — o nome da empresa de pagamentos online fundada por ele que foi unida ao PayPal.
Musk estabeleceu pela primeira vez um trio de holdings em Delaware com uma variação do nome “X Holdings” em abril do ano passado, como parte de sua oferta pública de aquisição do Twitter. Mas a X Corp. foi fundada em 9 de março em Nevada, de acordo com registros arquivados no estado.
A fusão com o Twitter foi apresentada em 15 de março. Musk é o presidente da empresa e de sua controladora, a X Holdings Corp., que também foi criada no mês passado e tem um capital autorizado de US$ 2 milhões, mostram documentos. As mudanças recentes foram divulgadas antes pelo Slate.
“É entendido no mundo corporativo que criar uma corporação em Nevada é o que você faz se quiser ter menos obrigações fiduciárias”, disse Ann Lipton, reitora associada da faculdade de direito da Universidade Tulane. “É mais difícil processar executivos e diretores de empresas de Nevada por violação de obrigações fiduciárias se você for um investidor.”
O Twitter foi incorporado anteriormente em Delaware, e a batalha de Musk pela aquisição da empresa ocorreu no tribunal de chancelaria do estado.
O Twitter, que não tem mais uma equipe para atender à imprensa, não respondeu às perguntas enviadas pela Bloomberg News. Os advogados do escritório que representa o Twitter no processo, Willkie Farr & Gallagher, também não responderam de imediato a um pedido de comentário.
Nova holding X
Na terça-feira, Musk disse durante uma entrevista à BBC no Twitter Spaces, na sede da empresa em São Francisco, que tem planos para a nova holding X e reafirmou que o Twitter era “um acelerador” rumo à sua visão de um aplicativo para tudo. Mas o executivo não quis dar mais detalhes, dizendo que os observadores terão apenas que “ficar atentos para descobrir”.
A medida gerou intensa especulação no Twitter sobre o que isso significa: o tuíte de Musk atraiu mais de 13 milhões de visualizações em poucas horas. No Japão, o tópico “Twitter Gone” começou a ser tendência, e usuários fizeram piada ao dizer que o novo nome do Twitter será parecido ao de uma banda de rock local, X Japan.
“Musk poderia criar uma estrutura controladora, semelhante à Alphabet, em que ele teria todas suas empresas”, disse Mandeep Singh, analista da Bloomberg Intelligence. “Não vejo como ele pode sobrepor e-commerce ou pagamentos no Twitter quando empresas maiores, como Alphabet e Meta, encontram dificuldades para se tornarem um aplicativo completo do lado do consumidor.”
- Com ajuda de Diana Li, Aisha Counts e Vlad Savov.
- Com informações da Bloomberg Línea.
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