Crise no crédito? Mercado Pago acelera estratégia e entra no segmento auto

Fintech do Mercado Livre afirma que operação mais conservadora em 2022 permitiu ser mais agressiva neste ano, mesmo que risco de inadimplência assuste outros players

Centro de Distribuição do Mercado Livre: fintech da empresa amplia atuação no segmento de crédito (Jonne Roriz/Bloomberg)
12 de Abril, 2023 | 07:21 PM

A crise de crédito tem preocupado cada vez mais o mercado brasileiro, especialmente depois de a Americanas (AMER3) ter divulgado um rombo contábil de R$ 20 bilhões no dia 11 de janeiro.

Em março, a Verde Asset, gestora de Luis Stuhlberger, alertou para sinais de um credit crunch no Brasil, o que levaria bancos a dificultarem ou reduzirem empréstimos às empresas.

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Já no cenário das pessoas físicas, em janeiro de 2023, foram registrados 70,1 milhões de inadimplentes no país, um recorde na série histórica, segundo a Serasa Experian.

Para Tulio Oliveira, VP sênior do Mercado Pago no Brasil, a crise do crédito não alcançou o braço financeiro do Mercado Livre (MELI34), o que possibilitou um investimento maior no setor para este ano, na contramão da estratégia de restrição às concessões que a maioria dos players tem adotado.

“Vamos monitorando constantemente o mercado de crédito. Não sofremos no ano passado. Por termos sido mais conservadores no ano passado, nos sentimos mais confortáveis para o cenário atual”, explicou.

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Do portfólio total de crédito do Mercado Pago, 20% é proveniente de cartão de crédito, o que corresponde a um volume de cerca de US$ 500 milhões.

Dentro da estratégia revelada pelo executivo de aprofundar a oferta de crédito, o Mercado Pago agora passará a ofertar o financiamento de veículos na plataforma do Mercado Livre na cidade de São Paulo, o maior mercado do país. Trata-se de um dos segmentos mais relevantes para o crédito e com risco reduzido dado o instrumento de alienação fiduciária, que permite a tomada do carro em caso de atrasos.

Smartphone como maquininhas

O Mercado Pago também vai oferecer uma função que permitirá que os clientes usem o smartphone como uma máquina de cartão para pagamentos. O produto deve, em algum momento, substituir a maquininha mais barata ofertada pelo banco digital, que custa cerca de R$ 11,50, segundo Oliveira.

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“Olhamos para isso como mais um canal de crescimento. Hoje em dia subsidiamos uma parte do valor do pagamento da maquininha. Do ponto de vista do cliente, é melhor porque ele já tem um smartphone. Vamos testar o modelo para ver como o cliente reage — e nós esperamos que, sim, em algum momento a maquininha [mais barata] não seja mais necessária”, afirmou Oliveira.

Segundo ele, estão sendo feitos “testes” sobre as taxas a serem cobradas, mas a proposta “é liberar o valor na hora para o cliente”. O mecanismo será chamado “point tap”. Outras empresas, como o Nubank (NU), oferecem um produto semelhante para clientes com conta para pessoa jurídica.

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.