Bloomberg Línea — O WhatsApp começará a permitir que empresas recebam pagamentos de clientes por meio do aplicativo no Brasil. A informação foi divulgada nesta terça-feira (11) por Mark Zuckerberg, CEO da Meta (META), em canal de transmissão da empresa no Instagram.
“As pessoas no Brasil poderão pagar empresas locais diretamente em um chat do WhatsApp. Vamos disponibilizar essa funcionalidade para mais empresas nos próximos meses”, disse Zuckerberg, em uma publicação no Facebook.
O serviço, chamado de WhatsApp Pay, será integrado com bandeiras emissoras e adquirentes, mas não aceitará Pix. Segundo a Meta, holding dona do WhatsApp, Facebook e Instagram, será possível pagar por bens e serviços usando cartões de débito, crédito e pré-pagos da Mastercard (MA) e Visa (V).
Pequenas empresas que utilizam o aplicativo WhatsApp Business podem vincular um parceiro de pagamento compatível, como Cielo (CIEL3), Mercado Pago ou Rede, e criar um pedido dentro do aplicativo para aceitar pagamentos de seus clientes.
O WhatsApp aceita hoje os cartões de débito, crédito e pré-pagos emitidos pelo Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4), BTG Pactual (BPAC11), Caixa, Inter (INTR), Mercado Pago, Neon, Next, Nubank (NU), Santander (SANB11), Sicoob e Sicredi. O WhatsApp disse que os cartões Itaú (ITUB4) serão aceitos “em breve”.
Trabalho em parceria com o BC
A Meta aposta na América Latina com as plataformas de mensagens WhatsApp e Messenger e como elas podem ser usadas nos negócios.
”Pagamentos e serviços financeiros são temas muito quentes na América Latina agora. Existe uma grande necessidade de soluções de pagamento na região, no Brasil, no México, e há uma grande oportunidade para vários players no ecossistema financeiro”, Maren Lau, vice-presidente da Meta para a América Latina, disse em entrevista à Bloomberg Línea.
Segundo a VP, a Meta testou o serviço de pagamentos a empresas por WhatsApp com um número pequeno de empresas parceiras, adquirentes, como a Cielo - que é o meio de pagamento para as transações entre pessoas -, e redes, como a Mastercard e a Visa.
No dia 2 de março o serviço de mensagens da Meta recebeu autorização do Banco Central para operar com pagamentos a pequenas e médias empresas. “Viemos trabalhando de perto com o Banco Central do Brasil nos últimos meses. Somos muito gratos pela orientação deles”, disse.
“Trabalhamos muito junto das bandeiras e adquirentes e os pagamentos às empresas pelo WhatsApp adicionarão um meio para que as pessoas possam se conectar com pequenas e médias empresas pelo Brasil”, afirmou a executiva.
Um dos principais desafios que o WhatsApp teve que superar com o regulador foi a inclusão de outras adquirentes no serviço, para que os comerciantes pudessem escolher fazer transações para além da Cielo.
Lau não revelou a adoção dos pagamentos entre pessoas físicas pelo WhatsApp, serviço que foi primeiramente anunciado pela Meta em 2020 com cartões de débito e pré-pago, mas só recebeu aval das autoridades brasileiras após o lançamento - e adoção massiva - do Pix, o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central. Agora, o serviço conta também com cartão de crédito.
Pagamento por WhatsApp pode impulsionar vendas, diz Mastercard
Em entrevista à Bloomberg Línea, Leandro Mattos, vice-presidente de soluções de transferência da Mastercard Brasil, disse que a parceria com o WhatsApp faz sentido dentro dos programas de inclusão financeira da bandeira, em que a Mastercard pretende trazer mais de 50 milhões de microempreendedores para a economia digital até 2025.
“É uma ferramenta poderosa para trazer fluxos que estão muitas vezes em dinheiro ainda”, afirmou.
“Além da maquininha com fio, da maquininha sem fio, da ferramenta de automação comercial ou do site de e-commerce agora você tem a possibilidade de aceitar o cartão de crédito, de débito, ou pré-pago dentro de um aplicativo de mensagem super difundido no país”, disse Mattos.
“Acreditamos que é um impulsionador de novos negócios, novas vendas, aumento de de performance e de conversão. Traz novos elementos de crescimento e novas vendas para o comércio.”
Mas as taxas cobradas pelo pagamento podem ser as mesmas aplicadas no varejo físico, com maquininha e cartão ou no e-commerce. Cada credenciadora terá sua estratégia comercial de precificação das taxas, com taxa fixa ou variável, dos pagamentos por WhatsApp, segundo Mattos.
Para a Mastercard, a transação é de um “cartão não presente” e é algo que apenas as bandeiras envolvidas têm acesso, já que a plataforma de mensagens não armazena os dados do cartão, mas sim um token.
“Incorporamos elementos de segurança de uma transação em que o cartão não está presente na leitura do chip, é uma transação muito parecida com o e-commerce”, disse Mattos.
-- Corrige 150 milhões para 50 milhões
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