Verde, de Stuhlberger, enxuga posição em bolsa e alerta para empresas endividadas

Em carta a cotistas, empresa com R$ 29 bilhões sob gestão afirma que o mercado acionário ‘continua vítima da soma de todos os medos’

'A alavancagem das companhias preocupa, num ambiente de constrição de crédito cada vez mais evidente', diz carta da gestora a cotistas
Por Vinícius Andrade
11 de Abril, 2023 | 11:36 AM

Bloomberg — O fundo Verde, gerido por Luis Stuhlberger e que sobe cerca de 22.000% desde o lançamento em 1997 já descontando as taxas, enxugou exposição em bolsa e montou uma pequena posição comprada no dólar americano frente ao real.

O mercado acionário brasileiro “continua vítima da soma de todos os medos” dado que não consegue colocar no preço um juro futuro menor, enquanto o novo arcabouço fiscal trouxe a discussão do aumento de impostos e as empresas domésticas enfrentam um cenário de maior endividamento com a taxa Selic a 13,75%, disse o fundo, em carta a cotistas.

“A alavancagem das companhias preocupa, num ambiente de constrição de crédito cada vez mais evidente”, segundo a Verde Asset Management, que tem cerca de R$ 29 bilhões sob gestão.

O arcabouço fiscal apresentado pela equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim do mês passado “consegue ser ao mesmo tempo pior do que o necessário e melhor que o temido”, disse o fundo. “É claro que a maior parte da disciplina fiscal vem do lado da receita, o que levará a discussões complicadas no Congresso, ao mesmo tempo que um governo, que já gasta muito e mal, quer crescer mais ainda.”

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O fundo Verde caiu 0,41% em março, enquanto o índice IHFA, uma cesta de pares, recuou 0,15% no mesmo período, segundo dados compilados pela Bloomberg. O fundo zerou sua alocação em petróleo e segue comprado em inflação implícita no Brasil.

Em março, a unidade do Credit Suisse no Brasil disse que está em negociações com a Lumina Capital para vender uma participação na Verde.

O índice MSCI Brazil cai 4,5% desde o início do ano, pressionado por eventos corporativos e resgates massivos enfrentados pelos fundos domésticos.

Com os múltiplos depreciados, alguns investidores incluindo a Brandes Investment Partners enxergam oportunidades de compra. O fundo está “overweight” (exposição acima da média do índice de referência) nas ações brasileiras e gosta de supermercados, empresas de telecom e utilities com balanços saudáveis, baixo endividamento e fluxo de caixa estável.

-- Com a colaboração de Zijia Song.

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