Bloomberg — A curva de juros futuros elevou as apostas de que o Banco Central dará início em breve ao ciclo de cortes da Selic, depois que o resultado do IPCA de março veio próximo do piso das expectativas.
As taxas dos contratos futuros de depósitos interbancários (DI) voltaram a embutir a chance majoritária de redução de 0,25 ponto percentual do juro básico em junho, um posicionamento que havia sido desfeito desde o discurso mais duro do último Copom, no mês passado.
A taxa de juros está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
Agora, a curva de juros prevê um corte total de 3,25 pontos percentuais até meados de 2024, ante 2,75 pontos precificados na véspera. Só para este ano, a curva do DI futuro projeta uma flexibilização da Selic de cerca de 1,75 ponto. Isso levaria a taxa básica para 12,00% ao ano.
Já as taxas de inflação implícita caem mais de 0,20 ponto percentual nos vértices de 2 a 5 anos, que operam abaixo do nível de 6% — a taxa de prazo mais curto está no menor patamar em seis meses.
“O BC já tomou uma surpresa para baixo grande hoje”, disse André Kitahara, gestor de portfólio macro da AZ Quest, sobre o IPCA divulgado nesta terça-feira. A projeção do BC, presente no relatório de inflação mais recente, apontava IPCA de 0,87% em março — o dado veio a 0,71%. No mercado, o consenso de analistas consultados pela Bloomberg apontava para 0,77%.
A surpresa inflacionária baixista, reflexo do aperto monetário em curso e da deterioração do crédito, reforça a tendência de apostar no corte da Selic — ou aplicar juros. “O BC já teria bastante indício para afrouxar muito o discurso e realmente começar a cortar juros de forma legítima” em junho ou em agosto, afirmou Kitahara.
“A queda mais disseminada da inflação em março é uma boa notícia e pode ser um sinal para o início da discussão sobre o afrouxamento da política monetária pelo Copom”, disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.
- Com a colaboração de Josue Leonel.
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