Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) encerrou o pregão desta terça-feira (11) em forte alta de 4,29%, aos 106.214 pontos, depois que o resultado do IPCA de março mostrou uma inflação abaixo do esperado por economistas do mercado financeiro, o que reforça a expectativa de um corte da Selic por parte do Banco Central nas próximas reuniões de política monetária.
O resultado foi a maior alta diária do Ibovespa desde 3 de outubro (5,54%), após o primeiro turno das eleições no ano passado. O ganho, porém, não foi o suficiente para reduzir as perdas de cerca de 5,6% acumuladas em 2023. O dólar, por sua vez, caiu a R$ 5,00 (-1,22%) e chegou a ser negociado abaixo do patamar de R$ 5 durante o dia.
A alta foi puxada principalmente por ações ligadas ao consumo e ao setor financeiro, como de empresas aéreas, varejistas, bancos, planos de saúde, agências de viagens e construção. De todas as empresas que compõem a carteira do índice de referência da bolsa brasileira, somente Minerva (BEEF3) e Taesa (TAEE11) registraram queda.
Em março, o IPCA subiu 0,71%, uma desaceleração em relação ao resultado de fevereiro (0,84%). Economistas consultados pela Bloomberg estimavam desaceleração do IPCA para 0,77% na comparação mensal. No acumulado em 12 meses, a alta é de 4,65%, o menor patamar em quase 2 anos.
“A leitura do mês foi, mais uma vez, pressionada por preços administrados com aceleração no preço gasolina e por energia elétrica. A surpresa baixista veio concentrada em preços livres, como alimentação no domicílio (tomate e mamão) e bens industriais (perfume e automóvel novo)”, afirmaram economistas do Itaú em relatório a clientes assinado por Julia Passabom e Luciana Rabelo.
Os núcleos de inflação subjacentes também mostraram uma forte desaceleração, o que sugere que o Banco Central teria mais condições de iniciar um ciclo de corte de juros, principalmente depois que a apresentação do novo arcabouço fiscal ajudou a reduzir parte das incertezas sobre a trajetória da dívida pública e das contas do governo.
As taxas dos contratos futuros de depósitos interbancários (DI) caíram e voltaram a embutir a chance majoritária de redução de 0,25 ponto percentual do juro básico em junho, um posicionamento que havia sido desfeito desde o discurso mais duro do último Copom, no mês passado. A taxa de juros está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022.
Agora, a curva de juros prevê um corte total de 3,25 pontos percentuais até meados de 2024, ante 2,75 pontos precificados na véspera. Só para este ano, a curva do DI futuro projeta uma flexibilização da Selic de cerca de 1,75 ponto. Isso levaria a taxa básica para 12,00% ao ano.
“A queda mais disseminada da inflação em março é uma boa notícia e pode ser um sinal para o início da discussão sobre o afrouxamento da política monetária pelo Copom”, disse Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.
Cenário externo
Já em Wall Street, as ações dos EUA tiveram ganhos moderados, com os investidores se preparando para dados do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), que serão divulgados na quarta-feira. Assim como no Brasil, o indicador de inflação pode sinalizar se o Federal Reserve aumentará novamente as taxas de juros.
“Se a inflação ficar mais forte do que o esperado, isso minará a ideia de que o Fed cortará as taxas agressivamente até o final do ano, e isso deixará os mercados suscetíveis a uma retração”, disse Tom Essaye, ex-operador da Merrill Lynch que fundou o The Sevens, em relatório.
Os investidores também aguardam o início da temporada de balanços, a partir de sexta-feira, puxada pelos bancos. O temor é de que os resultados das empresas podem indicar um dos piores trimestres desde o início da pandemia.
O Fed parece estar no caminho de continuar elevando as taxas, apesar das recentes tensões bancárias, com mercados de trabalho resilientes e preços mais altos do petróleo influenciando as autoridades focadas em seu mandato de estabilidade de preços.
Confira como fecharam os mercados nesta terça-feira (11):
-- Com informações da Bloomberg News.
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