Bloomberg — O presidente do Federal Reserve de Nova York, John Williams, rejeitou a ideia de que o aperto monetário agressivo conduzido pelo banco central americano precipitou o estresse financeiro destacado pelas recentes quebras de bancos nos Estados Unidos.
“Pessoalmente, não acho que o ritmo de aumento dos juros esteja realmente por trás dos problemas dos dois bancos em março”, disse Williams na segunda-feira (10) durante um debate organizado pela Economics Review, da Universidade de Nova York. “Acho que é bem entendido que houve alguns problemas específicos bastante idiossincráticos com essas instituições.”
O colapso do Silicon Valley Bank (SVB) no mês passado foi o segundo maior da história dos EUA. O controle do SVB e do Signature Bank foi assumido por reguladores após uma onda de saques de correntistas.
O Fed elevou sua taxa de referência em 0,25 ponto percentual no mês passado, para uma faixa-alvo de 4,75% a 5%, em relação a quase zero no ano anterior.
Autoridades buscam avaliar o quanto a recente turbulência bancária pode encolher a oferta de crédito, uma mudança que tende a desacelerar a economia.
“Vocês viram isso no passado, onde as condições de crédito podem apertar um pouco”, disse Williams, observando que essa tendência poderia afetar os gastos e o emprego. “Realmente não sabemos se isso vai acontecer desta vez. Ainda não vimos sinais claros de aperto nas condições de crédito e não sabemos quão grandes serão esses efeitos.”
Um relatório divulgado na segunda-feira pelo Fed de Nova York mostra que consumidores estão mais pessimistas sobre a capacidade de obter crédito. A parcela de famílias americanas que dizem ser mais difícil conseguir crédito subiu no mês passado para o nível mais alto em quase 10 anos, quando a pesquisa do Fed sobre as expectativas dos consumidores foi iniciada.
O banco central dos EUA tem elevado os juros em ritmo acelerado para reduzir a inflação elevada. Previsões do mês passado mostraram que as 18 autoridades do Fed veem a taxa básica em 5,1% até o final do ano, de acordo com a projeção mediana. Isso implica mais um aumento de 0,25 ponto percentual. Investidores apostam que o Fed vai dar esse passo em sua próxima reunião de 2 a 3 de maio, mas então reduzirá os juros ainda este ano — medida que as autoridades não contemplam, de acordo com as previsões.
Williams minimizou a importância das expectativas do mercado para as autoridades.
“No final das contas, não me preocupo muito, especialmente com as expectativas do mercado no futuro, porque pode ser que haja diferentes visões de como a economia pode se comportar”, explicou. “No final das contas, precisamos tomar as decisões que consideramos corretas para atingir nossas metas de máximo emprego e estabilidade de preços.”
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