Bloomberg — O SenseTime Group, apoiado pelo Alibaba, apresentou uma série de evoluções naquele que constitui o mais novo rival do Chat GPT, o SenseChat. Além do chatbot voltado para os usuários, o CEO da companhia, Xu Li, apresentou também o modelo de Inteligência Artificial SenseNova.
O executivo mostrou o desempenho do SenseChat ao longo de uma rodada de perguntas e respostas sobre a história de um gato pescador contada pela ferramenta. A demonstração também incluiu a criação de um código de computação para um produto funcional a partir de questionamentos leigos feitos em inglês ou chinês. Além de criar, o modelo de IA também pode ajudar a checar, traduzir e revisar o código.
Xu lembrou que atualmente 80% do trabalho de desenvolvimento da IA é feito por humanos, mas disse que no futuro isso tende a se inverter, com a inteligência artificial ficando a cargo de 80% do trabalho enquanto os humanos operariam os outros 20% em funções de direcionamento e refinamento.
Com sede em Shanghai, o SenseTime se incorpora a uma disputa global para avançar com a IA generativa desencadeada desde que o ChatGPT da OpenAI dominou o cenário. A Microsoft Corp. prometeu um investimento de US$ 10 bilhões para a startup dos EUA, enquanto rivais como Google e Baidu revelaram serviços de IA que também são capazes de criar conteúdos originais, inclusive poéticos, com um simples comando dos usuários.
Em março, o SenseTime adiantou algo dos temas tratados nesta segunda-feira ao divulgar o progresso no treinamento de modelos generativos de texto para imagem, que também conta com o respaldo do Alibaba.
Assim como todas as grandes empresas de tecnologia, o Alibaba Group, líder chinês do comércio online fundado por Jack Ma, está trabalhando na integração da IA generativa em seus vários serviços, e começou a convidar clientes corporativos da nuvem para testar o serviço na semana passada.
Enquanto isso, ainda há preocupações sobre a capacidade das empresas chinesas de garantir acesso confiável aos chips e à tecnologia de ponta que são necessários para desenvolver esses modelos de IA em larga escala a longo prazo.
O próprio SenseTime está operando sob sanções norte-americanas que restrigem acesso a capital e a componentes americanos cruciais. A administração Biden impôs restrições no ano passado à venda de chips aceleradores de IA a clientes chineses - um componente crítico no desenvolvimento de qualquer modelo generativo de larga escala.
Cofundado por um ex-aluno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Tang Xiao’ou, o SenseTime foi uma das estreias mais esperadas de 2021. Mesmo com a incerteza em torno das consequências das sanções dos EUA, o SenseTime chegou a subir 23% em sua estreia, tornando rapidamente o executivo em uma das pessoas mais ricas do mundo.
Os papéis da companhia dispararam cerca de 25% desde que foi noticiado o evento de hoje nas mídias sociais, ampliando as expectativas entre os investidores que se movem a cada grande revelação de IA. Ainda assim, o papel ainda está mais de 10% abaixo do preço de estreia.
Na época de seu IPO, o SenseTime afirmou em seu prospecto ser a maior empresa de software de IA da Ásia com uma participação de mercado global de 11%. Sua tecnologia está implantada em diversas áreas, com suporte à polícia na China, fornecendo colocação de produtos em filmes, inclusive criando uma cena de realidade aumentada em um jogo móvel da Tencent Holdings Ltd. Mas sua receita começou a diminuir drasticamente em 2022, à medida que a economia chinesa perdia força.
Agora, os investidores esperam que os avanços na IA possam reavivar o crescimento que animou os mercados no início.
Segundo análise da Bloomberg Intelligence, o entusiasmo pelo desenvolvimento da IA é um catalisador potencial para a tecnologia chinesa, mas ainda está em estágios iniciais, e a monetização da tecnologia pode estar a algum tempo de distância, afirmou Marvin Chen, analista da BI.
A China não fez segredo de seu desejo de expandir a IA em um momento em que o país está imerso em um conflito com os EUA por tecnologia de chips para veículos elétricos. Continua incerto como o governo chinês pretende impulsionar e fiscalizar esse setor emergente.
Pequim planeja introduzir regras que regulem o uso da inteligência artificial em uma série de indústrias. Isso pode ser destinado a assegurar que serviços do tipo ChatGPT sejam submetidos à proibição rígida do Partido Comunista contra conteúdos online que sejam controversos ou indesejáveis. Mas também poderia impulsionar empresas como Baidu e SenseTime, fornecendo regras básicas mais claras para futuros serviços.
O Baidu, que apresentou seu Ernie Bot, com uma acolhida mista no mês passado, é considerado o líder na China. A empresa pretende integrar o Ernie em seus serviços de busca e outros softwares ao longo do tempo, assim como será a integração da Microsoft do ChatGPT em seu navegador Edge e ao uso do Bard pelo Google para aumentar os resultados da busca. Os executivos Alibaba e Tencent também têm falado sobre a integração de IA em seus produtos.
- Com a colaboração de Vlad Savov.
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