Geração Z é tudo igual? Nova pesquisa revela diferenças conforme a origem

Peso dado à família e prioridades financeiras são diferentes conforme a ascendência, aponta pesquisa do Bank of America com jovens no mercado americano

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Bloomberg Línea — Entender o comportamento dos jovens da Geração Z, com idade entre 18 e 25 anos, é uma das obsessões de muitas empresas, especialmente as de consumo de bens e serviços. Novos dados de uma pesquisa conduzida por um dos maiores bancos americanos, o Bank of America (BAC), ilustram o tamanho do desafio dentro de um próprio país - em especial em países como os Estados Unidos e o Brasil, em que cabem diferentes “países” tamanha a diversidade.

Os americanos da Geração Z possuem comportamentos distintos em relação ao dinheiro de acordo com suas origens. Diferentemente de cidadãos brancos nos EUA, latinos são mais propensos a priorizar a propriedade da casa própria.

O estudo indicou que a Geração Z é mais propensa a combinar a ambição financeira com o desejo de viver confortavelmente que outras gerações: 45% dos entrevistados afirmam que a possibilidade de adquirir bens materiais é uma motivação para ter sucesso financeiro.

Contudo há também aqueles que se sentem culpados pelo consumo excessivo, e 29% sentem remorso com a aquisição de bens de luxo ou itens materiais em geral.

Essa visão geral toma outra forma quando nas respostas por etnia ou gênero. De acordo com o Bank of America:

  • Cidadãos negros/afroamericanos da geração Z têm três vezes mais chances de abrir um negócio - espírito empreendedor -, versus cidadãos brancos.
  • Hispânicos (22%) vão priorizar a compra de uma casa, taxa maior do que a de brancos (14%).

A importância da família

Para a comunidade hispânica, o sucesso financeiro é sinônimo de compra de uma casa, mas, para conseguir esse sucesso, é necessário pagar a hipoteca ou quitar o imóvel.

Diferentemente do que se percebe em outras comunidades, a família é a principal motivação para esse sucesso financeiro. A possibilidade de deixar uma casa para seus descendentes é a motivação mais forte, mesmo entre os mais jovens.

O estudo mostra que mais da metade dos hispânicos da Geração Z ainda não era financeiramente independente e ainda dependia de suas famílias. Além disso, 57% acreditam que ser capaz de ajudar financeiramente a família faz parte do sucesso financeiro, e 64% disseram que é importante educar sua família e sua comunidade em questões financeiras.

Segundo os dados da pesquisa, 42% do grupo analisado não tem nenhum investimento devido à falta de conhecimento sobre o assunto.

Fatores condicionantes

Apesar da ambição dessa geração, o contexto inflacionário dificulta a tomada de decisões para que possam alcançar seus objetivos.

Na época da pesquisa, realizada entre junho e julho de 2022, dois terços desse grupo de jovens estavam economizando ativamente. Apesar disso, 85% disseram estar passando por vários obstáculos, sendo os principais: o alto custo de vida; a falta de renda suficiente; e a situação econômica. Assim, 40% dos entrevistados disseram que a situação econômica complicou seus planos de poupança.

Quanto aos efeitos imediatos dos que estão sofrendo com a economia, 42% mencionaram a taxa de juros como um dos principais fatores de estresse financeiro. Esse impacto é sentido por 40% dos entrevistados no aumento dos aluguéis e dos preços das casas.

De acordo com o Bank of America, os aluguéis estão aumentando 16% em termos anuais para a Geração Z, em comparação com apenas 3% para os Baby Boomers, pessoas nascidas entre 1945 e 1964, ou seja, hoje com idade na faixa entre 58 e 77 anos.

Outro problema da Geração Z é que 47% têm algum tipo de dívida, incluindo cartões de crédito e empréstimos estudantis. Apesar dos desafios, esses jovens investem em seu futuro financeiro e tomam medidas para fortalecer seus hábitos de dinheiro. Mais da metade dos entrevistados estava otimista sobre seu futuro financeiro, e 77% começaram a economizar ou fizeram um investimento.

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