ChatGPT e IA são adotados em seleções de empresas de recrutamento a startups

Pesquisa global da McKinsey estima que 85 milhões de empregos podem ser afetados por mudança na divisão do trabalho entre humanos e máquinas em 2025

Pesquisa da McKinsey constatou que 97 milhões de novas vagas podem surgir para se adequar ao novo cenário do mercado com IA
08 de Abril, 2023 | 11:32 AM

Bloomberg Línea — Diante do boom global dos diversos usos oferecidos pelo ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI, também surgiram debates sobre o impacto da inteligência artificial em recursos humanos e as mudanças que as empresas começaram a adotar nos testes dos processos seletivos.

A inteligência artificial é uma realidade, com casos de uso em áreas diversas, desde atendimento ao cliente, medição e monitoramento de processos até controle de risco de crédito, entre outros.

No tema dos processos seletivos, um dos empreendedores a levantar o debate foi o empresário colombiano Alex Torenegra, fundador da plataforma de trabalho remoto Torre.

“Na Torre, não vamos mais utilizar testes de conhecimento. Por quê? Porque ficou fácil trapacear com o ChatGPT. No futuro, acredito que o conhecimento de um candidato será menos relevante do que a sua capacidade de aprender rapidamente. Esses são atributos cruciais que todo empregador estará procurando”, disse o empresário em sua conta no Twitter.

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Quando questionado sobre o impacto dessas tecnologias no mundo das startups, José Oberto, engenheiro e CEO do fundo de investimento AlleyCorp Sur, com sede em Nova York, disse que as formas de adoção de IA são diversas e vão desde a leitura de um currículo usando inteligência artificial até a seleção dos perfis mais adequados no LinkedIn.

“Embora muitos se preocupem com candidatos ‘trapaceando’, isso é uma falácia. É como quando os professores de matemática não queriam que seus alunos usassem calculadoras”, disse ele à Bloomberg Línea.

“A inteligência artificial é uma ferramenta, assim como as calculadoras”, acrescentou José Oberto, argumentando que colocá-la em “bom uso só tornará as empresas muito mais eficientes”.

“Se um candidato tem o potencial e a recursividade para executar o GPT-4 e confiar nele para uma entrevista de trabalho ou um desafio, isso é um sinal de alerta? Pelo contrário, é o tipo de pessoa que eu quero que trabalhe em minha empresa”, disse.

Na vertical de engenharia da AlleyCorp na região, muitos desenvolvedores já estão usando a IA para testes nesses processos de seleção.

Segundo uma pesquisa global realizada pela consultoria McKinsey, 85 milhões de empregos poderiam ser afetados por uma mudança na divisão do trabalho entre humanos e máquinas em 2025.

Esse cenário também poderia criar novas oportunidades, já que 97 milhões de novos empregos mais adequados ao futuro do trabalho poderiam surgir ao mesmo tempo, de acordo com o relatório.

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De acordo com McKinsey, a situação fará com que 50% dos funcionários precisem de alguma forma de reciclagem para ocupar seus postos de trabalho até 2025.

Isso talvez explique porque, de acordo com a pesquisa, 84% dos executivos dizem que sua empresa acelerou a automação e a IA.

Uso de IA em RH

Diretora da empresa de capital humano Michael Page, Eliana López disse considerar que, embora o uso da IA “ainda não seja um denominador comum dentro dos processos de seleção na Colômbia”, algumas empresas, principalmente multinacionais, já estão começando a usar “esse tipo de ferramenta para agilizar processos, encontrar perfis mais adequados à vaga que está sendo procurada e evitar preconceitos em aspectos sensíveis que muitas vezes são inconscientes”.

Ela disse considerar isso benéfico, pois permite que as áreas de recursos humanos sejam mais eficientes e que possam delegar tarefas à IA, tornando a tomada de decisões mais racional e gastando menos tempo à procura do perfil adequado.

Segundo ela, isso permite um melhor feedback para os candidatos que não continuam no processo, “o que torna a experiência das pessoas que participam do processo melhor e a imagem da empresa é impactada positivamente”.

Além disso, ela disse acreditar que a rapidez na divulgação de vagas aumenta seu alcance e traz um pool mais robusto de candidatos em menos tempo, na medida em que “os relatórios oferecidos por essas ferramentas permitem saber quais são as melhores fontes de recrutamento e ajudam a fazer uma correspondência entre as habilidades do profissional e as exigidas pelo cargo”.

Na visão de José Oberto, “as empresas que adotam a inteligência artificial serão naturalmente beneficiadas. Aquelas que rejeitarem a mudança ficarão para trás. O importante para a tecnologia a ser explorada é ter boas fontes de dados, de modo que possam ser transformados em decisões através da IA. Há vários anos, falava-se muito de big data, aqueles que se prepararam e estruturaram bem seus dados estão prontos”.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.