Dividendos? Para esta rival da Petrobras, acionistas olham segurança energética

Investidores demonstram maior preocupação com garantia de abastecimento após crise desencadeada com guerra na Ucrânia, diz CFO da Shell, Sinead Gorman

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Bloomberg — Os investidores da Shell (SHEL) estão demonstrando mais interesse no tema de segurança energética após a crise desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, de acordo com a CFO Sinead Gorman.

O novo CEO,Wael Sawan, está se preparando para apresentar a estratégia da Shell em um evento para o mercado de capitais em junho, que pode levar a empresa a destacar o papel do petróleo e do gás enquanto a crise energética da Europa destaca as preocupações com a segurança do abastecimento. Essa mensagem pode agradar acionistas que se beneficiaram da alta dos preços no ano passado.

“Você vê uma mudança no diálogo desde a crise, com uma perspectiva mais equilibrada entre segurança e carbono”, disse Gorman nos bastidores de uma conferência em Oxford, na Inglaterra.

É uma diferença em relação ao que enfrenta a Petrobras (PETR3, PETR4), em que a provável redução do pagamento de dividendos tomou a frente no debate de investidores com o novo governo, junto com a perspectiva de redução da política de preços de combustíveis no mercado interno.

Embora a empresa tenha enfrentado pressão de acionistas ativistas climáticos para tomar medidas mais agressivas para reduzir as emissões, o CEO disse no início deste mês que reduzir a produção de petróleo e gás não é saudável. A empresa está ouvindo diferentes mensagens de investidores nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia e a prioridade da Shell é cuidar de todos os seus acionistas, disse Gorman.

A Shell tem como meta se tornar uma empresa com emissões líquidas zero até 2050, mas atingir essa meta depende também de mudanças na demanda global de energia.

Atualmente, o mundo não está a caminho de reduzir a demanda por combustíveis fósseis em um ritmo que permita alcançar as metas climáticas globais.

As emissões projetadas da infraestrutura existente de combustíveis fósseis, sem reduzir os gases de efeito estufa por meio de tecnologias como captura e armazenamento de carbono, excederiam o orçamento de carbono restante para manter as temperaturas médias abaixo da meta de 1,5°C do acordo de Paris, de acordo com um relatório do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas.

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