Bloomberg — Converter o mundo em energia totalmente limpa exigirá US$ 10 trilhões em investimentos, mas continuar a depender de combustíveis fósseis custaria mais cerca de US$ 14 trilhões, segundo Elon Musk.
Uma construção massiva de fábricas de painéis solares e refinarias de metais é necessária nos próximos 20 anos para fornecer geração de energia renovável e capacidade de armazenamento de eletricidade necessária para alimentar a economia global inteiramente com energia livre de carbono, disse a Tesla (TSLA) em seu Master Plan 3 publicado nesta quinta-feira (6).
O white paper detalha a visão de Musk para um mundo sem combustíveis fósseis, delineada pela primeira vez durante o Investor Day do mês passado. “A Terra se moverá para uma economia de energia sustentável”, disse Musk durante o evento em Austin, no estado do Texas. “E isso acontecerá durante a sua vida.”
A Tesla disse enxergar um futuro com redes atualizadas alimentadas com energia eólica e solar, matrizes globais de fazendas de baterias e cavernas subterrâneas de hidrogênio para armazenar energia, além de uma reformulação de indústrias pesadas como a de aço e a de fabricação de cimento e casas para empresas aquecidas ou resfriadas com bombas de calor.
O custo da alternativa — continuar a produzir petróleo, carvão e gás natural — é maior, argumenta Tesla, e, a taxas de 2022, totalizariam cerca de US$ 14 trilhões nas próximas duas décadas.
O sistema de energia global previsto por Musk requer cerca de 30.000 gigawatts de capacidade de energia renovável e 240.000 gigawatts-hora de baterias de armazenamento. Esses números se comparam à capacidade renovável de 3.214 gigawatts em 2021 e a um setor estacionário de armazenamento de energia que deve ter 1.432 gigawatts-hora de capacidade até o final de 2030, segundo a BloombergNEF. Isso representaria um grande benefício para empresas de tecnologia limpa como a Tesla.
Embora o custo de investimento de US$ 10 trilhões de um mundo mais limpo seja alto, Musk argumenta que é apenas uma fração dos US$ 100 trilhões da economia global e totalmente viável quando distribuído ao longo de duas décadas.
“Em 20 anos, seria 0,5% da economia global”, disse ele a investidores no mês passado. “Portanto, esse não é um número grande.”
O setor de metais do mundo estaria preparado para um grande boom de demanda no cenário de Musk. Um total de US$ 502 bilhões em gastos de capital em mineração e US$ 662 bilhões em gastos com refino seriam necessários para produzir níquel, lítio, cobre e outros materiais a serem usados em baterias e equipamentos de energia limpa, prevê a Tesla.
Em níveis de pico, o mundo precisaria desenterrar 3,3 gigatoneladas — ou 3,3 bilhões de toneladas métricas — de terra todos os anos para obter os metais necessários para a transição para fontes de energia mais limpas.
A Tesla disse que a massa total pode ser reduzida se o alumínio for substituído pelo cobre, porque o primeiro é encontrado com teores de minério muito mais altos do que o último. De qualquer forma, acrescentou, ainda é muito menos do que os 15,5 gigatoneladas atualmente extraídos anualmente para combustíveis fósseis.
Também há pouca perspectiva de que o mundo esgote os suprimentos de metais necessários, já que apenas uma fração dos recursos atuais é necessária e uma demanda maior incentivará os exploradores a procurar novos depósitos.
A reciclagem começará a substituir significativamente o novo suprimento de metais a partir de 2040, à medida que baterias, painéis solares e turbinas eólicas expirados forem colhidos para reutilização. Outros materiais serão eliminados ou minimizados: usando cobre em vez de prata em painéis solares, usando grafite artificial em baterias e eliminando terras raras de turbinas eólicas.
“O futuro eletrificado e sustentável é tecnicamente viável e requer menos investimento e menos extração de material do que continuar com a economia energética insustentável de hoje”, disse a Tesla no documento.
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