Mudanças na Petrobras? Por que este grande acionista vê mais ganhos do que risco

Rajiv Jain, sócio da GQG Partners e um dos maiores acionistas da companhia, diz à Bloomberg News que a empresa é um dos melhores ativos na carteira de US$ 25 bi

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Bloomberg — Um dos maiores acionistas da Petrobras (PETR3; PETR4) diz que qualquer risco de interferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está no passado.

Rajiv Jain, presidente e diretor de investimentos da GQG Partners, disse que está comprando mais ações da Petrobras depois que um novo CEO foi nomeado e a poeira deve baixar para a petrolífera estatal, que está no centro das atenções desde a eleição de um presidente de esquerda no ano passado.

A empresa brasileira, que é a maior participação de Jain em sua estratégia de US$ 25 bilhões para mercados emergentes, está sob pressão uma vez que os investidores temem que as políticas de Lula possam atrapalhar a Petrobras, que deixou de ser a petroleira mais endividada do mundo para regar os investidores com lucros nos últimos quatro anos.

“A Petrobras é um dos melhores ativos, acreditamos, do mundo no negócio de energia”, disse ele em entrevista à Bloomberg News em Nova York. “Podemos estar perdendo alguma coisa, mas a ação é três vezes o lucro com um dividendo de 30% – eu diria que muitos medos estão sendo precificados.”

As ações preferenciais da Petrobras caíram até 4,1% na mínima nesta quarta-feira, depois que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a empresa está prestes a reverter uma política que vincula os preços dos combustíveis a referências internacionais, em um movimento ordenado pelo governo para proteger os consumidores da volatilidade nos preços da gasolina e do diesel.

A empresa disse que não recebeu a proposta do ministério sobre a política de preços de combustíveis. Jain não respondeu imediatamente às perguntas enviadas por e-mail na quarta-feira.

O novo CEO da empresa, ex-senador Jean Paul Prates, prometeu que a produção de petróleo continuará como a principal prioridade da empresa, mantendo apenas um foco modesto em investir em energia eólica e outras tecnologias renováveis.

Jain, de 55 anos, também favorece as empresas mexicanas, que devem se beneficiar da tendência conhecida como nearshoring, como o Grupo Financeiro Banorte. Ele também gosta de bancos brasileiros, incluindo Itaú (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11). O risco de interferência do governo na petroleira estatal da Colômbia, Ecopetrol, é muito grande para a qualidade dos ativos da empresa, disse ele.

Cerca de 28% de sua carteira é investida na América Latina, que representa apenas 8% do capital do mundo em desenvolvimento do índice MSCI.

Na verdade, estamos muito otimistas com o que está acontecendo na América Latina”, disse ele. “Se você gosta de China, compre Brasil. A China continuará consumindo todas essas commodities”.

A empresa tem aumentado a exposição a empresas latino-americanas nos últimos quatro anos, de acordo com Jain, que administra US$ 98 bilhões em ações globais. A região foi protegida dos riscos que assolaram a Europa quando a Rússia invadiu a Ucrânia, bem como da interferência do governo nas empresas, o que piorou as perspectivas para a China.

Ainda assim, o Banco Mundial rebaixou sua previsão de crescimento econômico para a América Latina, uma vez que deve sofrer com altas taxas de juros e preços mais baixos de commodities. Cerca de 8% do fundo de ação global é investido em empresas latino-americanas, já que reduziu a zero a exposição à China, disse ele. Há três anos, ele não tinha nada investido na região, enquanto ações chinesas representavam cerca de 16%.

-- Com a colaboração de Ye Xie, Brian Chappatta e Vinícius Andrade.

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