Governo capta US$ 2,25 bilhões em primeira venda de títulos em dólar desde 2021

Demanda chegou a US$ 8,5 bilhões e fez o governo a elevar o tamanho da oferta original de US$ 1,5 bilhão; títulos com vencimento em 2033 terão rendimento de 6,15%

Emissão deve demanda acima do esperado
Por Vinícius Andrade
05 de Abril, 2023 | 06:46 PM

Bloomberg — O Brasil lançou uma oferta de títulos da dívida em dólares pela primeira vez em cerca de dois anos, testando o apetite dos investidores poucos dias depois que o governo divulgou o aguardado novo arcabouço fiscal e à medida que a turbulência nos mercados globais diminuiu.

O país vendeu US$ 2,25 bilhões em títulos com vencimento em 2033 e rendimento de 6,15%, abaixo da taxa inicial entre 6,5% e 6,625%, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto ouvida pela Bloomberg News, que pediu para não ser identificada porque não está autorizada a falar publicamente.

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A forte demanda, que chegou a US$ 8,5 bilhões nas negociações iniciais, levou o governo a aumentar o tamanho da oferta original de US$ 1,5 bilhão, disse outra pessoa com conhecimento do assunto.

O momento é favorável para emissão de títulos em dólar?

O Brasil se junta a outros países emergentes, incluindo Costa Rica e Panamá, que venderam títulos denominados em dólar nas últimas semanas, à medida que diminuíram as preocupações tanto com a saúde do sistema bancário americano quanto com o aperto monetário global. A venda também ocorre depois que a Opep+ anunciou um corte surpresa na produção de mais de 1 milhão de barris por dia, elevando os preços do petróleo.

“O Brasil escolhe um momento vantajoso para acessar os mercados globais, pois os investidores exigem menos prêmio para assumir o risco do governo e as preocupações com bancos diminuíram”, disse Oren Barack, diretor-gerente de renda fixa da Alliance Global Partners, com sede em Nova York. “Os cortes da Opep+ devem ser um vento favorável para o Brasil como um todo e aumentar a demanda pelos novos títulos.”

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Na semana passada, o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apresentou o projeto de novo arcabouço fiscal, que foi recebido com cautela pelos investidores. O plano estabelece metas de superávit primário, antes do pagamento de juros, e que agora precisa ser enviado ao Congresso. O governo espera que a proposta ajude a abrir espaço para taxas de juros mais baixas à frente.

“Algumas das notícias sobre o fiscal, juntamente com os rendimentos do treasuries em queda, apoiarão os títulos em dólar” do Brasil no curto prazo, disse Michael Arno, gestor de portfólio da Brandwyine Global baseado em Filadélfia.

O Brasil, que emitiu títulos em dólar pela última vez em 2021, usará os recursos dessa venda para antecipar o financiamento de vencimentos, de acordo com o prospecto. A transação será realizada pelo Bank of America, BNP Paribas e Morgan Stanley.

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--Com a colaboração de Maria Elena Vizcaino.

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