América Latina deve continuar a ter crescimento ‘medíocre’, diz Banco Mundial

Instituição reduziu a projeção de expansão do PIB da região para 1,4% em 2023; para economistas, ritmo é insuficiente para reduzir a pobreza e promover a inclusão social

Com inflação de mais de 100%, economia do país deve ter estagnação em 2023, projeta Banco Mundial
Por Maria Eloisa Capurro
04 de Abril, 2023 | 01:42 PM

Bloomberg — A América Latina e o Caribe terão crescimento modesto este ano, uma vez que as economias da região sofrem com as altas taxas de juros e a queda dos preços das commodities, diz um relatório do Banco Mundial divulgado nesta terça-feira (4).

A organização com sede em Washington projeta que a economia regional como um todo crescerá 1,4% até dezembro, atrás de todas as outras regiões. O Banco Mundial havia projetado um crescimento de 1,6% para este ano, mas as previsões de crescimento no Chile, Argentina e Colômbia pioraram desde o último relatório do banco em outubro de 2022. A atividade deve crescer 2,4% por ano nos próximos dois anos.

“As previsões daqui para frente projetam o mesmo ritmo medíocre das últimas duas décadas, que continua insuficiente para reduzir a pobreza, promover a inclusão e neutralizar as tensões sociais”, escreveram analistas do banco. Segundo ele, os desequilíbrios fiscais continuam altos e vão corroer o equivalente a 2,7% do crescimento regional este ano, enquanto os níveis de dívida são estimados em 64,7%.

Projeções de crescimento do PIB entre os países da América Latina

Ainda assim, a região teve “relativo sucesso” ao administrar os efeitos em cascata da invasão da Ucrânia pela Rússia e um ritmo mais lento da atividade econômica global. As taxas de pobreza e desemprego voltaram aos níveis pré-pandêmicos e a inflação média deve desacelerar para 5% este ano, uma vez excluídos Argentina e Venezuela.

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O efeito da inflação e da guerra nos preços de alimentos e energia “teve um impacto significativo na pobreza das famílias”, disse William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, durante entrevista coletiva antes da divulgação do relatório na terça-feira. “Esperamos que isso seja moderado no próximo ano. Estamos otimistas de que voltaremos aos patamares mais baixos.”

Os impactos domésticos do recente colapso de três bancos regionais nos EUA “ainda não foram vistos”, disse o relatório. Mas a possibilidade de um “contágio direto” na América Latina é mínima, disse Maloney.

Metas de Inflação

Os bancos centrais da região, que levaram o mundo a ciclos de aperto agressivos após a pandemia, devem atingir suas metas de inflação no próximo ano, segundo o relatório. Altas taxas de juros têm atraído críticas de líderes como o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Colômbia, Gustavo Petro, que atacaram publicamente seus respectivos bancos centrais enquanto pressionam por custos de empréstimos mais baixos para impulsionar o crescimento.

Embora as tensões políticas sejam “normais”, os recentes ganhos de credibilidade e independência das autoridades monetárias em toda a América Latina “precisam ser preservados”, escreveram analistas no relatório.

As estimativas de crescimento lento são apenas parcialmente devidas à política monetária mais restritiva. O investimento estrangeiro direto caiu 16,4% em termos absolutos desde 2010, segundo o relatório, que afirma que mais gastos do governo são necessários para melhorar os sistemas de saúde, recursos humanos e infraestrutura em toda a região.

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