UBS supera JPMorgan na gestão de fortunas da América Latina após compra do CS

Aquisição acelerará crescimento da plataforma em lugares nos quais o banco deseja crescer mais, segundo novo presidente do UBS Sergio Ermotti

Banco vai ultrapassar o JPMorgan para se tornar o maior gestor de fortunas da América Latina
Por Cristiane Lucchesi
03 de Abril, 2023 | 08:59 AM

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Bloomberg — O UBS (UBS) vai ultrapassar o JPMorgan (JPM) para se tornar o maior gestor de fortunas da América Latina após a aquisição do Credit Suisse (CS).

Com cerca de US$ 150 bilhões em fortunas sob gestão de clientes da região, o UBS ocupará o primeiro lugar após adicionar o total de US$ 80 bilhões do Credit Suisse, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, que pediram para não serem identificadas ao discutir dados que não são públicos.

O JPMorgan tem cerca de US$ 180 bilhões sob gestão na área de wealth management. O Itaú (ITUB4) manterá a terceira posição, com US$ 140 bilhões em ativos.

Aquisição do Credit Suisse leva UBS ao número 1 na gestão de fortunas da América Latina

O Credit Suisse tem uma presença maior do que o UBS no mercado local de private banking do Brasil, e faz inclusive empréstimos para brasileiros ricos, enquanto o UBS tem mais um modelo de multifamily office.

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O UBS tem escritórios de wealth management nos Estados Unidos, inclusive em cidades preferidas por clientes latino-americanos, como Miami, Nova York e Houston, uma presença que o Credit Suisse não tem.

O UBS concordou com a aquisição no mês passado, em um acordo mediado pelo governo suíço, após o Credit Suisse entrar em colapso.

Diferentemente do que aconteceu em outras regiões, o Credit Suisse não sofreu muito com perda de recursos de clientes na América Latina durante a turbulência, segundo concorrentes que pediram para não serem identificados falando sobre negócios de outras empresas.

A aquisição acelerará o crescimento da plataforma global de gestão de fortunas do UBS em lugares nos quais o banco deseja crescer mais, como Sudeste Asiático, Oriente Médio e América Latina, Sergio Ermotti, que assumirá o cargo de presidente do UBS em 5 de abril, disse em entrevista à mídia na semana passada.

“Na verdade, estamos preenchendo esses ‘white spots’ e, com isso, podemos acelerar nosso crescimento orgânico em cinco a sete anos”, disse ele.

A entidade resultante da fusão também terá presença dominante em trading de ações no Brasil, onde a corretora do UBS já é a maior neste ano em volume bruto, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O Credit Suisse reforçará essa liderança, já que sua corretora é a sétima em negociação de ações na maior economia da América Latina.

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Parceria com o BB

Desde setembro de 2020, quando iniciou uma parceria com o Banco do Brasil, o UBS vem crescendo em banco de investimento na região. E espera-se que a associação continue após a aquisição do Credit Suisse, disseram pessoas familiarizadas com o assunto, pedindo para não serem identificadas ao discutir assuntos que não são públicos.

A joint venture inclui banco de investimento na América do Sul e negócios de corretagem no Brasil, além de um acordo comercial entre o UBS BB Investment Bank e o Banco Patagonia na Argentina, controlado pelo BB.

O UBS BB Investment Bank é o terceiro em fusões e aquisições no Brasil até agora este ano, e é o primeiro na liderança em emissão de títulos de dívida locais, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

A posição de banco de investimento do Credit Suisse vem caindo na América Latina depois que muitos de seus principais banqueiros se demitiram ou se mudaram para concorrentes.

O ex-presidente do banco no Brasil, José Olympio Pereira, deixou o banco em 2021 após 17 anos, e este ano ingressou no J. Safra, a operação de banco corporativo e de investimento do Grupo Safra. Pereira já contratou Mauro Oliveira, ex-chefe de renda variável do Credit Suisse para América Latina.

O UBS também vem contratando executivos do Credit Suisse. Daniel Bassan, presidente do UBS BB Investment Bank, é ex-managing director do Credit Suisse.

Fabio Mourão, chefe de fusões e aquisições do UBS BB, teve passagem de 14 anos no Credit Suisse, inclusive como chefe de fusões e aquisições e do banco de investimento no Brasil.

Credit Suisse, UBS, JPMorgan e Banco do Brasil não quiseram comentar.

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