Estrategista mais otimista de Wall St diz: ‘é a calmaria antes da tempestade’

Marko Kolanovic, do JPMorgan, alerta que alta das ações nos EUA e na Europa ocorre em cima de expectativas sem fundamento, como corte de juros pelo Fed

Traders na Bolsa de Nova York: apreensão ainda persiste entre investidores apesar de alta no começo de 2023
Por Alexandra Semenova
03 de Abril, 2023 | 07:58 PM

Bloomberg — Um ambiente de apetite ao risco que está alimentando a valorização de ações neste ano deve ser revertido, bem como o rali até aqui verificado, com ventos contrários de turbulência na margem, um choque do petróleo e uma desaceleração do crescimento. Essa combinação está prestes a enviar as ações de volta aos níveis mínimos de 2022, de acordo com o estrategista-chefe do JPMorgan (JPM), Marko Kolanovic.

“O Fed não indicou nenhuma intenção de cortar as taxas de juros neste ano, mas os ativos de risco estão exibindo uma recuperação sem precedentes, com as ações europeias negociando perto de máximas históricas e as ações dos Estados Unidos recuperando perdas recentes”, escreveu Kolanovic em nota aos clientes nesta segunda-feira (3).

“Esperamos uma reversão no sentimento de risco e o mercado testando novamente nos próximos meses as baixas do ano passado”, afirmou o estrategista que tem a fama de ser um dos mais otimistas de Wall Street.

As ações permaneceram resilientes neste ano até aqui, apesar do aumento taxas de juros que já começou a prejudicar os lucros das empresas, desacelerou o crescimento e desencadeou uma série de colapsos de bancos nos Estados Unidos e no exterior.

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O índice de referência S&P 500 subiu 7% no primeiro trimestre após ter caído quase 20% em 2022, enquanto os ganhos em ações de tecnologia empurraram o Nasdaq 100 para uma valorização acima de 20% desde o início de janeiro, o que representa o início de um bull market.

O desempenho superior de ativos de tecnologia tornou-se ainda mais ampliado recentemente, à medida que os traders aumentam as apostas de que a crise do sistema bancário vai levar o Federal Reserve a pisar no freio em sua campanha de aperto monetário, a mais intensa em décadas.

Calmaria enganosa? Ações sobem e volatilidade cai desde o começo de março de 2023, com o início da crise bancária e a quebra do SVB

Mas, na avaliação de Kolanovic, os ingressos de capital em ações ao longo do últimas semanas “fazem pouco sentido” e foram em grande parte impulsionadas por investidores sistêmicos, um short squeeze (aposta em queda de ações) e um declínio no Cboe Índice de Volatilidade, o VIX.

Uma queda no VIX abaixo de 20, um nível associado a menos períodos estressantes, sugere que os investidores acreditam que a crise bancária está contida no curto prazo. No entanto Kolanovic caracteriza o cenário atual do mercado como “a calmaria antes da tempestade”.

“Vale a pena notar a natureza em vai-e-volta do sentimento de risco, em que taxas restritivas produziram um problema para várias operações de carry trade e a consequente retração nos rendimentos mitigou alguns dos estresses”, escreveu Kolanovic.

“Embora os bancos centrais ainda estejam se comunicando, há terreno a cobrir na luta contra a inflação e recuo na suposição do mercado sobre [o fim dos] cortes. Portanto, a fonte original de estresse, taxas mais altas por mais tempo, pode reaparecer.”

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