Bull market da Nasdaq não é sustentável, alerta Wilson, do Morgan Stanley

Para estrategista-chefe de renda variável do banco, que previu o sell off de ações em 2022, ativos do setor vão experimentar novas cotações mínimas mais adiante

Estátuas que representam o bear market e o bull market em Frankfurt: mercado em alerta sobre o que vem adiante (Peter Juelich/Bloomberg)
Por Farah Elbahrawy
03 de Abril, 2023 | 02:32 PM

Bloomberg — Michael Wilson, estrategista-chefe para renda variável e CIO (head de investimentos) do Morgan Stanley (MS), um dos mais pessimistas sobre o mercado acionário dos Estados Unidos, alertou que o ganho recente das ações de tecnologia, que ultrapassou 20% em relação ao piso mais recente em dezembro passado, não é sustentável e que o setor retornará a novas mínimas.

O Nasdaq 100 entrou no chamado bull market (designado justamente como a fase do mercado após uma alta de 20% sobre o piso anterior) na semana passada, enquanto investidores fogem de setores sensíveis ao ciclo econômico, como bancos, após o colapso de várias instituições financeiras.

Wilson disse que essa rotação ocorre em parte porque a tecnologia é vista como um setor defensivo tradicional, embora discorde dessa tese e aponte empresas que são concessionárias de serviços públicos (utilities), produtos básicos e assistência médica com melhor perfil de risco-retorno.

“Tecnologia é realmente mais pró-cíclica e atingiu um piso coincidentemente com o mercado mais amplo em bear market”, escreveu em nota o estrategista — que ficou em primeiro lugar na pesquisa do Institutional Investor do ano passado depois de prever corretamente a onda vendedora nas bolsas.

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“Aconselhamos esperar por uma mínima durável no mercado mais amplo antes de entrar em tecnologia de forma mais agressiva, já que o setor normalmente passa por um período de forte desempenho após o piso — um momento em que sua ciclicidade funciona a seu favor no lado positivo”, afirmou.

Além disso, a expectativa de que o Federal Reserve encerre em breve o aperto monetário pode desapontar investidores, disse Wilson. “Não vemos o programa de financiamento bancário recentemente expandido [para socorrer bancos em dificuldades depois da quebra do SVB e de mais dois players] como uma forma de flexibilização quantitativa que acabará estimulando ativos de risco”, escreveu.

Estrategistas do JPMorgan Chase, entre eles Mislav Matejka, também disseram que a tecnologia “pode não ser mais um ótimo lugar para se posicionar estruturalmente”. O segmento deixará de apresentar forte desempenho devido aos riscos dos lucros, valuations pouco atraentes e preços relativos muito altos no contexto de longo prazo. Nesse contexto, os estrategistas têm recomendação neutra.

Matejka concordou com a visão de Michael Wilson de que os setores defensivos estão mais bem posicionados do que outras ações a partir de agora.

O risco de litígio é amplamente conhecido no setor de saúde, enquanto concessionárias provavelmente se beneficiarão de menor incerteza regulatória à frente. Já produtos básicos podem ser apoiados por valuations mais baratos e uma perspectiva de margem melhor no segundo semestre, destacou.

Uma desvalorização das ações de tecnologia pode afetar significativamente os mercados, depois de o setor ter puxado a alta de 3,5% do índice S&P 500 em março, apesar das preocupações de que uma crise bancária possa levar a uma forte deterioração do crescimento. Microsoft (MSFT), Apple (AAPL) e Nvidia (NVDA) lideraram os ganhos do índice de referência no mês passado, enquanto os bancos foram os perdedores.

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