Bloomberg — Os planos declarados do governo Lula de tornar o país um líder eólico offshore enfrentarão ventos contrários, a menos que a maior economia da América Latina expanda rapidamente sua cadeia de suprimentos, de acordo com um grupo da indústria.
A capacidade de produção disponível para a indústria eólica global provavelmente desaparecerá até 2026, de acordo com um relatório divulgado esta semana pelo Conselho Global de Energia Eólica (Global Wind Energy Council, ou GWEC, na sigla em inglês). A tendência pode ser agravada pelas políticas dos Estados Unidos e da Europa para afastar a manufatura da China.
Se o Brasil investir em novas instalações agora, poderá explorar seu vasto potencial eólico offshore e se tornar um fornecedor de equipamentos para os mercados doméstico e regional, evitando interrupções na cadeia de suprimentos, disse Ben Backwell, diretor executivo do grupo, em entrevista.
No começo de março, a Petrobras (PETR3, PETR4), agora comandada por Jean Paul Prates, um político cujo estado, o Rio Grande do Norte, é um dos líderes em geração de energia eólica no país, anunciou um acordo com a norueguesa Equinor para estudar a viabilidade de projetos offshore dessa fonte renovável, com potencial de gerar até 14,5 GW até 2028 - equivalente a uma usina hidrelétrica de Itaipu.
A China é líder absoluta em componentes para turbinas eólicas, enquanto a América Latina detém apenas 4% da capacidade global de fabricação, principalmente no Brasil. A região está atrasada em instalações eólicas offshore, e o Conselho Global de Energia Eólica disse que não há planos firmes para montar naceles offshore, um componente-chave que abriga o equipamento de geração.
“O Brasil precisa de um plano ousado de industrialização verde, que lhe permitirá começar rapidamente a instalar energia eólica offshore, produzir hidrogênio verde e ampliar sua cadeia de suprimentos industrial”, disse Backwell. “A janela de oportunidade está se estreitando e o relógio está correndo.”
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