Bloomberg — A brasileira Zenvia (ZENV), uma plataforma de comunicação, fez sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Nasdaq em 2021, no mesmo dia que a quase homônima Zevia (ZVIA), produtora de bebidas da Califórnia, estreou na Bolsa de Valores de Nova York. E ambas tiveram seus papeis afetados com traders confusos. Agora, outro caso homônimo, com o First Republic, está causando a venda de papéis do Republic First.
O Republic First Bancorp (FRBK) caiu mais de 40% este mês porque os investidores o confundiram com o banco em apuros First Republic Bank (FRC).
“NÃO somos o First Republic Bank”, escreveu o CEO do Republic First, Thomas Geisel, em uma carta no site da empresa. “É importante entender completamente que existem diferenças significativas entre esses bancos, outros bancos ‘startups’ ou ‘focados em cripto’ versus o Republic Bank e os milhares de outros bancos comunitários.”
A confusão não é nova. As empresas discutiram os direitos de nome pela primeira vez há 20 anos, e os traders ainda estão tendo problemas para distinguir entre os dois. Mas agora se tornou um problema sério.
Em 17 de março, as ações do Republic First, com sede na Filadélfia, despencaram até 28%, a maior queda intradiária desde 1994. A empresa não tinha notícias para relatar que desencadeassem a liquidação. Mas o First Republic, com sede em São Francisco, sim - recebeu um pacote de resgate que Wall Street interpretou como um aviso, fazendo com que suas ações caíssem até 35%.
Embora os nomes e símbolos possam ser semelhantes, os dois bancos não poderiam ser mais diferentes. O Republic First é um banco regional focado em clientes comerciais e de varejo. O First Republic, por outro lado, é especializado em private banking para clientes ricos.
O Republic First inicialmente se chamava First Republic após uma fusão em 1996 entre o Republic Bank e o First Executive. Mas isso desencadeou uma disputa com o outro First Republic, de São Francisco, fundado em 1985. O Republic First resolveu isso transpondo seu nome, mas deixou seu ticker FRBK inalterado. Já o First Republic atende pelo símbolo FRC.
“Em qualquer outro tipo de período, pareceria que a venda foi exagerada, mas é difícil dizer com certeza com a turbulência que vimos nos bancos em geral”, disse Frank Schiraldi, analista da Piper Sandler.
As ações da Republic First saltaram 14% na sexta-feira, seu maior ganho desde 15 de setembro, mas terminaram o mês de março com queda de 32%.
Erros acontecem
O Republic First tem uma concentração maior de investidores de varejo do que seus pares, acrescentou Schiraldi, uma classe de traders mais propensa a confundir nomes de empresas. Mais de 16 milhões de ações do banco mudaram de mãos em março, seu maior volume mensal desde sua estreia em 1998.
Um porta-voz do Republic First se recusou a comentar. Um representante do First Republic não respondeu a um pedido de comentário.
Claro, esta não é a primeira vez que o mercado parece confuso sobre as identidades de empresas com nomes semelhantes.
Além da Zenvia e da Zevia, em 2021, Elon Musk também gerou uma recuperação de 5.100% na Signal Advance depois de divulgar o serviço de mensagens não relacionado, o Signal, em um tuíte. A Meta Materials, uma das favoritas do comerciante de varejo, se recuperou quando a empresa proprietária do Facebook mudou seu nome para Meta Platforms (META).
Durante a pandemia em 2020, o Fangdd Network Group saltou 395% em um único dia durante uma sessão quente para as ações FANG -- acrônimo usado no mercado para se referia a Facebook, Amazon, Netflix e Google. Os investidores também ofertaram ações da empresa de marketing ClubHouse Media Group em mais de 1.000% depois de confundi-la com um aplicativo de nome semelhante.
Também em 2020, a Zoom Technologies, com sede em Pequim, mais do que dobrou, à medida que os investidores tentavam aumentar as apostas na plataforma de videoconferência Zoom Video Communications.
“A parte desafiadora é que estamos ficando sem nomes que sejam distintos”, A.J. Ericksen, então sócio corporativo da Baker Botts, na época. “Os investidores de varejo começam a digitar ‘Zoom’ e conseguem isso.”
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-- Com informações da Bloomberg Línea.
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