Bloomberg Línea — O núcleo da inflação ao consumidor nos Estados Unidos, que exclui itens mais voláteis como alimentos e energia, teve alta de 0,3% em fevereiro, abaixo do esperado, enquanto os gastos do consumidor se estabilizaram. É o que mostram os dados do Índice de Gastos de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) divulgados nesta sexta-feira (31). Em 12 meses, o indicador acumula alta de 4,6%.
O movimento sugere que o Federal Reserve pode estar perto de encerrar seu ciclo mais agressivo de aumentos de juros em décadas.
Economistas consultados pela Bloomberg estimavam alta de 0,4% do núcleo do PCE em relação ao mês anterior. Em janeiro, a alta foi de 0,6% – a maior desde junho. Já o índice principal subiu 0,3% na base mensal e 5% ante um ano antes.
Para o núcelo, a estimativa era de alta de 4,7% na comparação anual, enquanto a projeção para o índice principal era de um avanço de 5,1%, mais do que o dobro da meta do Fed em ambos os casos.
Com relação aos gastos do consumidor, os dados ajustados pela inflação caíram 0,1%, após subirem 1,5% no início do ano.
Após a divulgação, os índices futuros de ações ampliaram os ganhos: o S&P 500 subia 0,30%, enquanto o Nasdaq 100 tinha alta de 0,20% por volta das 9h50 (horário de Brasília).
O PCE é um indicador de inflação que mede a variação dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias americanas e, por isso, é um dos indicadores preferidos do Federal Reserve para monitorar a estabilidade da moeda.
Os dados de inflação nos Estados Unidos são acompanhados de perto por investidores, que buscam entender os próximos passos da autoridade monetária em sua luta contra a inflação. O BC enfrenta um dilema de ter que conter tanto o aumento dos preços quanto o estresse no sistema bancário americano.
Na semana passada, o Fed elevou a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para um intervalo de 4,75% a 5% – a maior faixa dos juros americanos desde 2007, quando o país estava às vésperas da crise financeira global.
Segundo o comunicado divulgado após a decisão, o “sistema bancário dos Estados Unidos é sólido e resiliente” e que o Comitê “antecipa que algum endurecimento adicional da política pode ser apropriado para atingir uma postura de política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”.
As autoridades do Fomc (equivalente ao Copom) afirmam que “acontecimentos recentes devem resultar em condições de crédito mais restritivas para famílias e empresas e pesar na atividade econômica, nas contratações e na inflação” e que “a extensão desses efeitos é incerta”, permanecendo “altamente atento aos riscos de inflação”.
Apesar de o presidente do Fed, Jerome Powell, reafirmar que as últimas projeções apontam para mais uma alta dos juros, há economistas que já veem espaço para um corte nas taxas.
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