Mais de 30 mil fundos ESG correm risco de perder pontuação máxima de risco

Com as mudanças, apenas 0,2% dos fundos terão classificação AAA no futuro, ante cerca de 20% agora, de acordo com estimativas da MSCI

Nível necessário para receber rating máximo de “AA” ou “AAA” “deve ser mais "rigoroso e ambicioso”
Por Natasha White e Frances Schwartzkopff
30 de Março, 2023 | 02:42 PM

Bloomberg — Cerca de 31 mil fundos estão prestes a ter suas pontuações para padrões ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) reduzidas pela MSCI, em meio a uma grande revisão de sua metodologia pela unidade de classificação da empresa em resposta ao feedback dos participantes do mercado.

Clientes manifestaram preocupação sobre “uma tendência ascendente nos ‘ratings’ em todo o universo de fundos” que agora está sendo abordada, de acordo com a MSCI ESG Research.

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Com as mudanças, apenas 0,2% dos fundos terão classificação “AAA” no futuro, em comparação com cerca de 20% agora, de acordo com estimativas da MSCI.

As medidas incluem dar seis meses aos gestores de fundos de índice baseados em swap para fornecer dados sobre seus componentes de índice subjacentes, que a MSCI começará a usar para gerar pontuações ambientais, sociais e de governança (ESG) em vez de garantias, afirmou.

A nova metodologia, que entra em vigor no fim do próximo mês, chega em um momento no qual provedores de pontuação ESG ainda são criticados por usar abordagens inconsistentes, que ainda precisam ser devidamente regulamentadas.

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Com isso, o escrutínio sobre as classificações ESG se tornou prioridade para autoridades em todas as jurisdições.

Na semana passada, a Comissão Europeia disse que novas regras para a indústria devem ser reveladas no primeiro semestre.

E o Reino Unido acaba de lançar uma consulta sobre até que ponto os avaliadores ESG precisam ser controlados por regras claras.

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A MSCI disse que suas mudanças não estão vinculadas a medidas regulatórias na UE ou em outros lugares. Segundo a empresa, as “mudanças de metodologia foram impulsionadas por consultas com clientes” e “baseadas no feedback do mercado”.

Dada a pressão para melhorar a análise ESG, a MSCI acredita agora que o nível necessário para receber um rating máximo de “AA” ou “AAA” “deve ser mais rigoroso e ambicioso”.

Investidores institucionais já começaram a se manifestar.

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“Qualquer ajuste significativo em uma classificação provavelmente levará investidores a reexaminar seu portfólio para determinar se o fundo continua a entregar de acordo com sua estratégia e crenças de investimento”, disse Joe Dabrowski, vice-diretor de política da UK Pensions and Lifetime Savings Association, cujos membros administram 1,3 trilhão de libras esterlinas (US$ 1,6 trilhão).

Classificações ESG não confiáveis são “um problema em todo o setor” que pode “levar ao greenwashing”, disse em comunicado o Impact Cubed, um provedor de dados ESG, em referência à prática de maquiar as metas relacionadas a esses padrões.

A empresa encontrou exemplos de fundos que trazem classificações ESG “AA” ou “AAA” na MSCI, tendo quase 70% das receitas derivadas de atividades prejudiciais ao meio ambiente, ou que apenas seguem um amplo benchmark de mercado.

A ausência de uma abordagem uniforme na indústria de ratings ESG “é inútil para os investidores finais”, disse Dabrowski.

A Plataforma de Finanças Sustentáveis da Europa, que assessora a Comissão da UE em investimentos ESG, pretende fornecer recomendações a provedores de dados ESG e empresas de rating sobre produtos e serviços relacionados à taxonomia, especialmente em estimativas, e isso inclui índices ESG, disse à Bloomberg News Helena Vines Fiestas, presidente do grupo.

A MSCI explicou que, com a nova metodologia, vai incluir cerca de 8,2 mil novos fundos de renda fixa em seu universo de cobertura, “juntamente com suas inúmeras classes de ações”.

Depois que as mudanças forem implementadas, a MSCI espera não apenas que seu universo de fundos com classificação “AAA” quase desapareça, mas que a proporção de fundos com classificação “BBB” aumente de 21% para aproximadamente 26%.

Cerca de 44% dos fundos terão classificação “A”, em comparação com pouco mais de 17% atualmente, disse. Haverá pouco mais de 22% de fundos classificados como “AA” em relação a quase 33% hoje.

As mudanças refletirão uma metodologia mais simples, segundo a qual as pontuações de qualidade ESG serão baseadas exclusivamente na pontuação ESG média ponderada das posições em fundos subjacentes, de acordo com a MSCI.

Anteriormente, a companhia havia incluído uma camada adicional em sua análise, que chamou de fator de ajuste. A variável analisou a exposição a posições com mudanças nos ratings ESG, bem como a exposição a participações com pontuações “B” ou “CCC”.

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