Oncoclínicas: mais joint ventures em 2023 para ampliar o atendimento, diz CEO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Bruno Ferrari revelou como será a estratégia de M&A da companhia em 2023 em tempos de custo de capital mais alto

Oncoclínicas
29 de Março, 2023 | 10:42 AM

Bloomberg Línea — A rede de clínicas de tratamento para o câncer Oncoclínicas (ONCO3), cujo maior acionista é o Goldman Sachs com 60% do capital, planeja realizar novas aquisições e fechar joint venture neste ano para aumentar o atendimento a pacientes, segundo disse o CEO da companhia, Bruno Ferrari, em entrevista à Bloomberg Línea.

O médico e executivo disse prever que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão antritruste brasileiro, aprove a JV (joint venture) firmada com o grupo Porto (PSSA3), anunciada em dezembro, nas próximas semanas. O acordo, destinado a oferecer serviços de cuidado oncológico integral às vidas atendidas pela segurador, prevê que a Oncoclínicas terá 60%, e a Porto, 40% da JV.

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“Com a aprovação do Cade, esperada para as próximas semanas, começaremos essa JV efetivamente. Temos grandes expectativas com essa sociedade. Deveremos fazer outras JVs ao longo do ano. É uma maneira de o grupo crescer e ganhar market share”, afirmou Ferrari.

No quarto trimestre de 2022, cujos resultados foram divulgados na noite de terça-feira (28), a companhia mais que dobrou a geração de caixa com o Ebitda de R$ 239 milhões (+115% na comparação anual), enquanto a receita líquida totalizou R$ 1,2 bilhão (+58%), um efeito da estratégia de M&A (fusões e aquisições) e do crescimento orgânico.

Em cinco anos, a Oncoclínicas realizou mais de 40 aquisições. Em 2022, o grupo desembolsou R$ 820 milhões em operações de M&A, dos quais R$ 554 milhões com a compra da Unity. A empresa abriu o capital por meio de um IPO em agosto de 2021, pouco antes de a “janela” para ofertas fechar.

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“Sempre fomos muito estratégicos em nossas aquisições. Isso nos permitiu extrair sinergias rapidamente nessas transações e nos ajuda a continuar crescendo. Em um cenário macro mais desafiador, temos de ser mais criteriosos”, afirmou Ferrari.

Bruno Ferrari, médico e CEO da Oncoclínicas

No acumulado de 2022, a receita atingiu R$ 4,1 bilhões (+51,3%), um valor recorde. O número de tratamentos prestados aos pacientes aumentou 41,8% no último trimestre (144,5 mil) e 30,9% no ano (cerca de 500 mil). Cerca de 50% desse crescimento veio de forma orgânica, ressaltou a empresa.

O CEO disse que, além da integração das aquisições, o resultado se deveu também à aceleração das operações de cancer centers, unidades hospitalares de alta complexidade, que continuam ganhando relevância no mix de receitas. Em 2022, a Oncoclínicas lucrou R$ 114 milhões, revertendo prejuízo de R$ 22 milhões em 2021.

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Expansão de margens operacionais, captura de ganhos com sinergias e verticalização maior da jornada do paciente oncológico seguem como focos. O tíquete médio por paciente no ano passado foi de R$ 8.600, mas há potencial para ampliar o valor, segundo a empresa. Em 2023, por exemplo, na largada, a estimativa é crescer com o padrão de repasse da taxa de inflação mais 1%.

Eficiência tributária

A integração societária de alguns ativos recém-adquiridos, que ainda estão sem incorporação pela holding, deve continuar a ser acelerada neste ano, a fim de obter maior eficiência tributária, o que beneficia os resultados, disse o CFO do grupo, Cristiano Camargo.

“Começamos um trabalho muito ativo desde o ano passado: aceleramos o processo de reorganização societária para trazer a racionalidade na estrutura da companhia, eliminando essas ineficiências tributárias. Endereçamos o tema e esse trabalho continua neste ano”, afirmou o executivo.

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Camargo disse que a ineficiência tributária é um desafio histórico da companhia e que exige um trabalho contínuo da equipe para racionalizar a estrutura societária. Mesmo assim, o grupo cresceu 30% organicamente em 2022, com expansão de margem para quase 20%.

“Conseguimos entregar o que prometemos aos investidores desde o IPO em agosto de 2021: esta é uma companhia que experimenta expansão das margens brutas ao longo dos trimestres”, cita o CFO.

O mercado privado de oncologia é disputado pela companhia, pela Rede D’Or (RDOR3) e pela Dasa (DASA3), para citar apenas três dos maiores players. A Oncoclínicas disse ter um market share próximo de 7%, com parcerias com planos de saúde como Unimed e Golden Cross. A crise financeira da Unimed Rio não preocupa a companhia.

Temos mais de 200 fontes pagadoras. A base está diluída, e não concentrada. A Unimed Rio representa só 14% das receitas. Eram 20% antes do IPO. O momento, com alta sinistralidade e inflação, é desafiador para todo o setor”, disse o CFO.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.