Bloomberg Línea — O aperto no crédito e a desaceleração das vendas fizeram mais uma vítima no varejo. A empresa de moda Amaro entrou com um pedido de recuperação extrajudicial no dia 22 de março, menos de um mês após anunciar que estava renegociando suas dívidas. De acordo com documento protocolado na 3ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de São Paulo, as dívidas chegam a R$ 244,6 milhões. A Justiça aprovou o pedido da empresa no dia 24 de março.
Foram declaradas à Justiça uma dívida líquida estimada em R$ 151.772.489,75 e R$ 92.797.726,61 com seus fornecedores. No documento, a varejista alegou que “a crise é passageira” e “decorrente exclusivamente do atual contexto econômico, ocasionado pelo momento atípico de conjunção de fatores perniciosos, que não deve afetar de modo definitivo a solidez das atividades desenvolvidas”.
Segundo a empresa de moda, com a “dificuldade de encontrar novo investidor e ante o insucesso nas negociações de suas dívidas bancárias”, a Amaro começou a atrasar o pagamento de seus fornecedores e prestadores de serviços, “na medida em que, naquele momento, optou por priorizar os gastos com seus empregados, as despesas essenciais para garantir a continuidade operacional e as dívidas com instituições financeiras, as quais possuem juros elevados”. A Amaro emprega cerca de 600 pessoas.
Em comunicado enviado à Bloomberg Línea, a empresa afirmou que chegou a um acordo com os seus principais credores e, com isso, definiu o plano de reestruturação.
“Em um cenário de juros extremamente altos e retração de crédito, especialmente para o varejo, a Amaro protocolou um plano de recuperação extrajudicial como parte do processo de reestruturação do negócio. A empresa tem como objetivo preservar sua liquidez e adequar a sua estrutura de capital para fortalecer a operação”, disse a companhia.
A Amaro também afirmou que vai buscar manter “seu compromisso de continuar entregando um [...] nível de serviço pelo qual é reconhecida e mantém seu posicionamento como ecossistema de lifestyle no mercado premium, focado em moda, beleza e casa” e que “site e guide shops continuam operando normalmente com entrega rápida em todo Brasil”.
No pedido de recuperação extrajudicial, a Amaro citou como um dos motivos para o agravamento de sua crise financeira o aumento do valor dos aluguéis. Atualmente, a empresa tem 20 lojas físicas e disse que não irá se posicionar sobre eventuais fechamentos de pontos hoje ocupados.
A Amaro é mais uma varejista em situação financeira delicada no Brasil. Recentemente, a Marisa (AMAR3) informou que trabalha em uma reestruturação das suas dívidas. Para analistas, a medida faz parte de uma tentativa de renegociação com credores para que a empresa evite uma recuperação judicial.
O caso mais emblemático é o da Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial com dívidas declaradas de cerca de R$ 43 bilhões, uma semana depois de revelar ao mercado um rombo contábil da ordem de R$ 20 bilhões.
Leia também
O que levou o Grupo Petrópolis, dono da Itaipava, a pedir recuperação judicial?
Esta fintech brasileira é alvo de disputa bilionária entre Visa e Mastercard
Na Espaçolaser, o tratamento da vez é um ‘choque de gestão’ em busca de eficiência