Bilionários da Hapvida tentam cartada depois de tombo de R$ 75 bi na bolsa

Família Pinheiro Koren de Lima viu o seu patrimônio na operadora de saúde encolher cerca de R$ 27 bi em um ano, mas novo plano tem recepção favorável de analistas

Operadora de planos de saúde tem apoio da família que é a principal acionista para ampliar o caixa
Por Vinícius Andrade
29 de Março, 2023 | 04:39 AM

Bloomberg — A família bilionária por trás da operadora de saúde Hapvida (HAPV3), uma das maiores do Brasil, se moveu para tentar estancar a queda mais acentuada entre as ações latino-americanas neste ano.

A família Pinheiro Koren de Lima, que fundou a companhia há quatro décadas e possui participação combinada de cerca de 36%, planeja comprar dez imóveis da Hapvida por R$ 1,25 bilhão por meio de uma estrutura de sale & lease back, segundo comunicado ao mercado. A família também se comprometeu a subscrever R$ 360 milhões em uma potencial oferta de ações.

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As ações da Hapvida abriram em alta de 15% na terça-feira (28) na esteira do anúncio, reduzindo as perdas recentes. Fecharam a sessão com ganhos de 18,47%, negociadas a R$ 2,63.

O papel lidera as perdas do índice MSCI Emerging Markets Latin America em 2023 e havia sido negociado a R$ 2,22 na segunda-feira (27) - uma queda que apagou R$ 75 bilhões em valor de mercado da empresa desde o pico do ano passado. Neste ano, a queda ainda é superior a 40%; em 12 meses, perto de 80%.

As perdas foram aceleradas recentemente após a divulgação de balanço mais fraco do que o esperado no quarto trimestre, o que alimentou temores sobre a alavancagem da Hapvida em um momento em que as empresas brasileiras enfrentam condições de crédito mais apertadas e deterioração das perspectivas macroeconômicas.

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Hapvida: perda de cerca de R$ 75 bilhões em valor de mercado em apenas um ano

Após os esforços de captação de recursos, o JPMorgan (JPM) elevou sua recomendação para o papel para equivalente à compra e o Goldman Sachs (GS) disse que um dos principais temores em torno da tese de investimento poderia ser mitigado. Caso ambos os eventos se concretizem, a Hapvida provavelmente fecharia o ano com caixa de R$ 3 bilhões, acima da estimativa do Goldman de R$ 1 bilhão, escreveu o analista Gustavo Miele.

A Hapvida foi fundada por Candido Pinheiro Koren de Lima em 1979, quando o oncologista brasileiro abriu uma clínica em Fortaleza. Recentemente, a companhia ganhou mercado no Brasil não apenas vendendo planos de saúde mas também sendo dona de hospitais, em um modelo verticalizado de negócios. Uma onda de aquisições levou a empresa a comprar a rival Intermédica há dois anos.

O valor da fatia da família na Hapvida caiu cerca de R$ 27 bilhões após atingir um pico no ano passado de R$ 32,8 bilhões. Nos níveis atuais, a participação vale R$ 5,7 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg News.

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Os movimentos da família “devem cobrir as preocupações do mercado sobre a estrutura de capital, potencialmente trazendo um piso para o preço das ações e abrindo a porta novamente para uma possível opcionalidade de M&A”, escreveu o analista Javier Martínez de Olcoz, do Morgan Stanley (MS), em nota.

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