Rial diz que contrato de 2022 era para que pudesse se ambientar com a Americanas

Ex-CEO afirmou que tinha contrato de consultoria com validade de setembro a dezembro, antes de assumir o cargo na varejista, mas negou que tivesse sido assinado em maio

'Nunca houve qualquer contrato em maio de 2022'
28 de Março, 2023 | 02:56 PM

Bloomberg Línea — O ex-CEO da Americanas (AMER3) Sergio Rial negou que tivesse um contrato com a varejista desde maio de 2022 por meio de sua consultoria, antes de ser anunciado como o próximo CEO da companhia. Rial, no entanto, afirmou que tinha um acordo de prestação de serviço de setembro a dezembro, para poder se familiarizar com a companhia antes assumir o cargo em janeiro.

Em depoimento no Senado nesta terça-feira (28), o executivo foi questionado por senadores sobre um suposto contrato de remuneração com a Americanas que teria sido assinado em maio de 2022.

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Rial relatou que o documento se tratava de um contrato com validade de setembro a dezembro como consultor da varejista, antes que ele assumisse o cargo de diretor-presidente em 1º de janeiro de 2023.

“Nunca houve qualquer contrato em maio de 2022. Meu anúncio se dá em 19 de agosto de 2022″, disse o executivo.

“Em qualquer processo normal de transição de presidência, faço um contrato de setembro a dezembro como consultor, de forma que me permita o mínimo de ambientação da empresa que eu estaria assumindo em janeiro. Esse é um processo absolutamente normal”, afirmou.

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A questão foi levantada pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), que indagou Rial sobre o fato de que o executivo só teve conhecimento das inconsistências contábeis “em poucos dias” antes de o caso ser revelado, sendo que, segundo ele, já que existiria um contrato de consultoria de Rial com a Americanas, assinado pelos acionistas-chave da empresa e pelo presidente do conselho.

Não é a primeira vez que o executivo é questionado sobre um contrato com a empresa antes de assumir como CEO.

No último dia 17 de março, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu um processo de investigação relacionado ao caso Americanas com o objetivo “analisar eventuais irregularidades a respeito do recebimento por Sergio Rial de remuneração paga pela companhia durante o período compreendido entre o anúncio de sua escolha como CEO, em agosto de 2022, e sua efetiva posse no cargo, em janeiro de 2023″.

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À época, em nota enviada à Bloomberg Línea, Sergio Rial afirmou que estava à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos e que o contrato com a Americanas foi “100% regular”.

Também presente na audiência no Senado, o presidente Comissão de Valores Mobiliário, João Pedro Nascimento, disse que a autarquia tem um processo administrativo em curso que trata de apurações feitas sob a remuneração que Rial recebia “seja de maio, seja de dezembro de 2022, mas de fato existe inconsistência apontada e o papel da CVM é apurar”.

Segundo Nascimento, o contrato, enviado pelo senador Carlos Portinho, não tinha sido juntado até hoje aos autos de investigação da CVM.

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“Realmente existe uma contradição nessas falas, uma confusão temporal. Rial anunciou na sequência que os trabalhos começaram em setembro, mas existe o contrato de maio”, disse Nascimento.

Comitê independente

O senador Carlos Portinho também questionou a formação de um comitê independente para investigar a possibilidade de fraude na Americanas, dado que uma pessoa da auditoria faz parte desse comitê.

“Qual a independência desse comitê que está dentro da própria estrutura da Americanas?”, ao que Rial respondeu que não cabe a ele responder a formação do comitê de investigação.

Para Portinho, também há a necessidade de investigação se houve uma criação de uma recuperação judicial desde 2022 para que a Americanas tivesse uma negociação de crédito com deságios e pudesse vender ativos como as empresas adquiridas de Hortifruti e grupo Puket.

-- Colaborou Tamires Vitorio

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Isabela  Fleischmann

Jornalista brasileira especializada na cobertura de tecnologia, inovação e startups